Folha de S. Paulo


Ação da PM na Rocinha tem um morto e três presos após confronto do tráfico

Raquel Cunha/Folhapress
Velório de Marcelo Rezende na Assembléia Legislativa de São Paulo
Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro

Após um domingo de guerra entre traficantes, a Polícia Militar realiza nesta segunda-feira (18) uma operação na favela da Rocinha, zona sul do Rio.

Até o meio da tarde, a polícia havia prendido três pessoas e resgatado dois corpos carbonizados. Um suspeito, ainda não identificado, foi morto em troca de tiros com os policiais. A corporação também chegou a confirmar três feridos, mas depois corrigiu a informação.

Desde domingo (17), quando teve início uma disputa entre traficantes da mesma facção na comunidade, já foram contabilizados quatro mortos e três feridos.

A operação desta segunda começou às 4h30 com a ocupação da comunidade por homens do Comando de Operações Especiais da PM. Policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha e do 23º Batalhão da PM fazem o cerco à comunidade.

Dois presos foram identificados pela Polícia Civil: Wilklen Nobre Barcelos, 20, e Edson Gomes Ferreira, 30. O primeiro foi preso em flagrante por porte de arma e o segundo, em cumprimento de um mandado de prisão.

O terceiro preso, Fábio Ribeiro França, 19, foi encontrado com duas granadas e roupas do Exército.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, oito pessoas que participaram da invasão já foram identificadas.

Os dois corpos carbonizados ainda não foram identificados. Eles estavam decapitados e a polícia desconfia que faziam parte do grupo de Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogerinho 157, que assumiu o comando do tráfico de drogas na favela após a prisão, em 2011, de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem.

A polícia apreendeu três pistolas, duas granadas, um rádio transmissor, 320 sacolés de maconha, 120 sacolés de crack, 1,5 quilo de maconha em tablete e quatro vidros com lança perfume, além de máquinas de caça-níqueis.

Os tiroteios deste domingo ocorreram durante invasão de bandidos ligados a Nem, que estaria insatisfeito com o comando de 157 e decidiu retomar a Rocinha.

Nem está em presídio federal em Mato Grosso do Sul e, segundo a polícia, contou com apoio de criminosos das favelas do São Carlos, Vila Vintém e Morro dos Macacos para invadir a Rocinha.

Ambos são da facção Amigos dos Amigos (ADA), que vem se aproximando do PCC (Primeiro Comando da Capital) nos últimos anos.

As forças de segurança do Rio já tinham conhecimento do racha no grupo e da possibilidade de invasão, que deixou um morto e três feridos no domingo.

"A gente lida diariamente com possibilidade de invasão em 1.200 comunidades carentes na região metropolitana. Isso torna tudo muito difícil", justificou o porta-voz da PM, major Ivan Blaz.

Ele ressaltou que as tropas vêm enfrentando dificuldades diante da crise financeira do Estado e que o controle do tráfico de armas e dos traficantes que estão em presídios federais não é responsabilidade da PM. "A PM sozinha não vai resolver tudo", afirmou.

Devido à operação desta segunda aulas foram canceladas e o atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da região. A Secretaria de Educação informou que, apenas na Rocinha, cerca de 2.500 alunos ficaram sem aulas.

O comércio está parcialmente fechado e moradores enfrentam falta de luz em partes da favela.

No fim da manhã, cerca de 400 homens participavam da operação. A polícia enviou efetivo também para o morro do Vidigal.

No fim de agosto, o governo do Rio decidiu reduzir em 30% o efetivo das UPPs, movimento que foi considerado como um recuo no programa implantado em 2008 para tentar retomar áreas dominadas pelo tráfico de drogas.

Na última sexta (15), uma outra guerra de facções deixou pelo menos cinco mortos no morro do Juramento, na zona norte. Um dos mortos foi Bruno Alberto Botleho Jaccoud, 30, conhecido como Palmito, que era apontado como chefe do tráfico na comunidade.


Endereço da página:

Links no texto: