O Ministério Público Federal recebeu na tarde desta terça (12) novo relato de mulher que diz ter sido vítima de crime sexual do preparador físico Nuno Cobra, 79. O episódio teria ocorrido em um evento literário de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, em 2013.
É a terceira acusação desse tipo contra Cobra, que ganhou notoriedade após trabalhar com Ayrton Senna. O preparador físico foi preso nesta segunda (11), após ser condenado a 3 anos e 9 meses de prisão por violação sexual mediante fraude durante um voo em 2015.
A pena poderia ser convertida em serviços comunitários, mas a juíza Raecler Baldresca, da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, decretou sua prisão preventiva diante de uma nova suspeita de abuso sexual, ocorrida em agosto deste ano –a vítima, uma jornalista, teria sido assediada após uma entrevista.
A Folha entrou em contato com o advogado de Cobra, Sergei Cobra Arbex, nesta quarta-feira (13). Ele disse que ainda não tinha conhecimento do teor do relato, mas que ele poderia ter sido motivado pela comoção gerada pela divulgação das acusações anteriores.
NOVO RELATO
Em e-mail enviado à reportagem, a mulher que prestou depoimento ao Ministério Público Federal diz que trabalhava como assistente no evento literário de Ribeirão Preto. Cobra, que também é escritor,
era um dos convidados. Na ocasião, ela disse que compareceu ao camarim do preparador físico para informar a proximidade do horário da palestra.
Segundo a versão relatada, após pedir e receber um copo de água, Cobra passou a mão nas coxas dela e sugeriu que ela poderia acalmá-lo. A mulher afirma que saiu do camarim, começou a chorar e comentou o ocorrido com uma das responsáveis pela organização. Em seguida, diz ter sido dispensada para ir para casa.
A vítima prestou depoimento por vídeo à procuradora Ana Carolina Previtalli Nascimento –a mesma que encaminhou a acusação da jornalista supostamente abusada em agosto.
O novo relato será enviado à Justiça Federal após a mulher assinar a versão física do documento que oficializa as suas declarações.
Educador físico de formação, Nuno Cobra também é autor do best-seller "A Semente da Vitória" (ed. Senac), que já ultrapassou a 100ª edição.
OUTRO LADO
O advogado Sergei Cobra Arbex, que representa Cobra, afirmou que não tem informações sobre o teor dessa nova queixa de abuso.
Arbex também sustenta que seu cliente é inocente do crime pelo qual foi condenado –violação sexual mediante fraude, por ter apalpado os seios e pernas de uma passageira em um voo de Curitiba a São Paulo em 2015. Segundo ele, não há provas de que Cobra tenha tocado a vítima com conotação sexual.
Sobre a denúncia de uma jornalista que teria sido assediada pelo preparador físico em agosto, o advogado disse que sequer há processo formado e que não é possível avaliar com precisão o que ocorreu.
Cobra está preso na Superintendência Regional da Polícia Federal de São Paulo, na zona oeste da capital paulista, e a sua defesa já apresentou habeas corpus no Tribunal Federal da 3ª Região para tentar soltá-lo.