Folha de S. Paulo


Adriano Galvão Pereira (1961-2017)

Mortes: Após acidentes e lesões, foi campeão de natação

Arquivo Pessoal
Adriano Galvão Pereira (1961-2017)
Adriano Galvão Pereira (1961-2017)

Na fazenda da família, Adriano, com seus 11 anos, queria ajudar na plantação de algodão. Já era época de cortar a terra em São Tomé (RN) e ele decidiu mexer na engrenagem do trator. Uma lâmina da máquina caiu, amputando parte do seu pé direito.

Apesar das expectativas pessimistas, a tragédia foi logo superada. Seu andar denunciava alguma dificuldade, mas ele continuou a jogar bola, começou a participar de vaquejadas, aprendeu a dirigir –carro normal mesmo, nada de automático.

Esse era apenas o começo de uma vida de superações. Após o acidente, esse natalense retomou a vida. Trabalhou na criação e plantação da família e competiu e acumulou prêmios com a vaquejada.

Foi na volta de uma dessas competições, que ele, aos 31 anos, bateu o carro contra um rebanho na estrada. Sem cinto de segurança, fraturou uma vértebra, comprometendo os movimentos do pescoço para baixo. Mexia braços e mãos, mas com limitações.

A jornada que seguiu o acidente foi ainda mais difícil. Passou pela recuperação, pela adaptação, pela depressão, até receber a visita do professor de uma escola de natação de Natal. No começo, nem sabia ficar na água, afundava quando ficava de frente, mas depois aprendeu a se virar.

Competindo, foi para quatro paraolimpíadas –ganhou dois bronzes em Atlanta–, conheceu diversos países e foi campeão panamericano, se aposentando apenas em 2010, depois de quebrar o fêmur.

A luta de Adriano parou mesmo só no dia 3, com sua morte, aos 56, devido a uma infecção urinária. Deixa três irmãos, uma filha e um neto.


Endereço da página: