Folha de S. Paulo


Ricardo Aronne (1968-2017)

Mortes: Professor de direito e metaleiro, tocou com o Motörhead

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Ricardo Aronne (1968-2017)
Ricardo Aronne (1968-2017)

Era 1988 e o Motörhead precisava de um guitarrista para uma turnê na Holanda –o titular, Würzel, não podia ir. Lemmy, líder da banda, resolveu apostar em um brasileiro magrelo que passava uma temporada na Inglaterra e se apresentava como Malcolm.

A trajetória do jovem vinha numa crescente. Era um dos precursores do metal na cena musical gaúcha e seu grupo, o Spartacus, lotava ginásios em Porto Alegre.

Depois da turnê, Malcolm voltou para o Brasil e passou a ser conhecido por outro título: doutor ou professor. E o nome dos documentos passou a ser conhecido.

Ricardo Aronne era precoce em tudo. Aos 20 tocou com uma das bandas mais cultuadas do rock mundial; aos 25, já era professor de direito civil na PUC-RS e tinha seu escritório de advocacia.

O rock ficou de lado durante um tempo. Aronne começou a explorar outras áreas: tinha pós-doutorado interdisciplinar, explorando a matemática e a filosofia. "Ele era uma grande colcha de retalhos. Direito, rock e filosofia não eram temas separados, mas se comunicavam entre si", diz a mulher Marcia.

Depois do período de afastamento, Dr. Aronne fechou o escritório e Malcolm voltou com tudo para os palcos.

Começou dois novos projetos (Dramma e Black Triad) e, em 2017, lançou um canal de vídeos na internet em que explorava as intersecções entre o direito e o rock.

Recentemente, reclamava de dor nas costas, que atribuía ao peso da guitarra. Era a metástase de um câncer.

Morreu no último dia 30, aos 49 anos. Deixa a mulher, o filho, Felipe, e os pais.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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