Folha de S. Paulo


Motorista arrasta ciclista no capô de carro por 5 km em São Paulo

Reprodução/SBT
Motorista arrasta ciclista no capô de carro por 5 km no limite entre as cidades de Osasco e São Paulo
Motorista arrasta ciclista no capô de carro por 5 km no limite entre as cidades de Osasco e São Paulo

Um motorista atropelou e matou um ciclista, que foi arrastado por 5 km no capô do carro, no limite entre as cidades de Osasco e São Paulo, no início da noite desta quarta-feira (30). Após o acidente, o motorista fugiu sem prestar socorro.

Gilmar Barbosa da Mata, 45, estava pedalando pela avenida das Nações Unidas, em Osasco (Grande São Paulo), quando foi atropelado por um Renault Clio, por volta das 18h. Com o impacto da batida, o ciclista foi arremessado sobre o capô do carro e tentou segurar-se.

Segundo a Polícia Civil, o motorista não parou e continuou dirigindo o carro até o viaduto do Cebolão, em São Paulo, onde o ciclista caiu. Ele fugiu do local sem prestar socorro à vítima.

Uma testemunha disse à polícia que viu o momento em que o carro passou pela avenida com o homem segurando no capô. Ela falou para a polícia que não conseguiu anotar a placa do veículo.

Policiais militares, bombeiros e Samu (Serviço Médico de Urgência) chegaram ao mesmo tempo ao local do acidente. Mata não resistiu aos ferimentos e morreu no local na véspera do aniversário de 46 anos.

O delegado do 91º DP (Vila Leopoldina) registrou o boletim de ocorrência como homicídio doloso, quando há intenção de matar.

No início da noite desta quinta-feira (31), a Secretaria da Segurança Pública informou que a polícia encontrou o veículo supostamente foi utilizado no crime, em Itapevi, na região metropolitana. O motorista ainda não foi identificado e está foragido.

ANIVERSÁRIO

Gilmar Barbosa da Mata se preparava para comemorar seus 46 anos que seriam completados nesta sexta-feira (1º) ao lado da mulher e dos dois filhos, um de 14 e outro de 7 anos. A previsão era curtir o fim de sexta e o final de semana ao lado dos três.

Mas não deu tempo. Às 17h50 de quarta, o motorista de um Renault Clio preto atropelou e arrastou Mata no capô do carro desde a avenida das Nações Unidas, em Osasco, na Grande São Paulo, até o viaduto do Cebolão, já na capital, onde caiu e não resistiu aos ferimentos. Uma distância de, aproximadamente, 2,5 km.

Mata era pintor, mas fazia todo tipo de serviços gerais. O último emprego foi em um motel do Morumbi, zona oeste da cidade, onde atuava na manutenção do espaço. Ele sempre foi trabalhar com seu carro particular. Na quarta-feira, no entanto, decidiu ir e voltar de bicicleta pela primeira vez.

"Foi a primeira vez que ele foi trabalhar de bicicleta e aconteceu essa fatalidade", afirma à reportagem Lusimar Rodrigues, 24, amigo de Mata que estava pedalando ao lado do pintor no momento do atropelamento. Eles trabalhavam juntos.

"Pouco tempo antes, tirei uma foto dele, feliz, pedalando", complementa. Segundo Rodrigues, no momento do atropelamento, Mata levava a bicicleta com as mãos.

Segundo a Polícia Civil, com o impacto da batida, Mata foi parar em cima do carro e se segurou pedindo ao motorista que parasse. Um homem que trabalha em um posto de gasolina depôs à Polícia Civil e informou que viu a cena. É esta a testemunha que reconheceu o modelo do carro, mas não conseguiu anotar a placa do automóvel.

O crime foi registrado no 91º DP (Distrito Policial), no Ceasa, zona oeste da cidade, por homicídio doloso, ou seja, quando há intenção de matar. Por volta das 13h desta quinta-feira, o motorista do carro ainda não tinha sido identificado.

"Além de não prestar socorro, ele aumentou a velocidade. Como pode um bicho desse à solta pela cidade, fazer isso à luz do dia?", questiona João Marcos Vieira, 27, amigo da família há anos. Além de Vieira, outras 20 pessoas, entre familiares, amigos e vizinhos, faziam uma vigília em frente à casa de Mata na manhã desta quinta-feira (31), prestando solidariedade.

"A gente espera que a polícia encontre esse bandido. Se não, a gente encontra", diz Vieira. O clima é de completa revolta entre os amigos do pintor. "Esse crime não pode e não vai ficar impune. Nós queremos Justiça", afirma.

Mata tinha 11 irmãos e construiu a própria casa onde vivia com a mulher e os filhos, em Osasco. Ele vivia junto à companheira há 14 anos, desde que teve o primeiro filho. Mas o casal decidiu se casar no fim do mês passado. "Ele botou na cabeça que queria porque queria se casar. Se casou e agora aconteceu essa fatalidade", afirma um dos irmãos de Mata, que pede para não ser identificado.

MORTES

Ao todo, 21 ciclistas foram mortos na cidade de São Paulo entre janeiro e junho deste ano. O número de vítimas representa uma alta de 75%, comparado ao mesmo período de 2016, quando 12 pessoas foram mortas enquanto pedalavam na capital.

Os dados são compilados pelo Infosiga, site do governo de São Paulo que concentra estatísticas de óbitos no trânsito. De acordo com o site, o número geral de mortes no trânsito na cidade subiu 1,2%, passando de 476 para 482 casos registrados em delegacias.

Um protesto foi marcado para esta sexta-feira (1º) na praça do Ciclista, na avenida Paulista, às 20h, em homenagem à memória de Mata e exigindo justiça.

Chamada - atropelamento


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