Folha de S. Paulo


Avenida Paulista tem caso de violência sexual em ônibus pelo segundo dia

Mais um caso de violência sexual contra mulheres foi registrado dentro de um ônibus na avenida Paulista. Nesta quarta-feira (30), um homem de 48 anos foi detido porque teria passado a mão no seio de uma passageira, de 25, sem consentimento.

Eles estavam um ônibus que fazia a linha Terminal Lapa-Vila Mariana, no sentido Paraíso da avenida Paulista, região central de São Paulo.

O caso é o segundo em menos de 24 horas. Na terça-feira (29), outro homem, Diego Ferreira de Novais, 27, foi detido após ejacular no pescoço de outra passageira. Novais, que já tem outras cinco passagens por suspeita de estupro conforme o G1, foi liberado pela Justiça nesta quarta.

O juiz José Eugenio do Amaral Souza Neto entendeu que "não houve constrangimento, tampouco violência ou grave ameaça", classificando o ato como atentado ao pudor, cuja pena é apenas de multa.

Reprodução/Facebook/Caio Miranda Carneiro
Policiais ao lado de ônibus onde homem abusou sexualmente de passageiros na avenida Paulista
Policiais ao lado de ônibus onde homem ejaculou em passageira na avenida Paulista

Já o caso ocorrido nesta quarta foi registrado como importunação ofensiva ao pudor, delito menos grave, que implica em multa. Ele foi encaminhado ao mesmo distrito policial que o homem da véspera, o 78º, nos Jardins, e liberado após assinar um termo circunstanciado (registro de pequenas infrações).

A Secretaria da Segurança Pública, sob gestão do governador Geraldo Alckmin, não deu informações adicionais sobre o caso, como o depoimento da vítima, de 25 anos, e as circunstâncias em que se deu a importunação –a mão no seio e ter sido dentro de um ônibus.

ESTUPRO

Na segunda-feira (28), a escritora Clara Averbuck relatou ter sofrido um estupro por um motorista do aplicativo Uber. Segundo o relato da escritora, ele teria a penetrado com um dedo, aproveitando-se de que ela estava alcoolizada.

Conforme a legislação brasileira, o crime de estupro, que implica em no mínimo (sem agravantes) reclusão de 6 a 10 anos, é configurado por "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso" –daí o argumento do juiz que exime o homem que ejaculou em passageira na terça do crime e o classifica como um delito menor.

Nesta terça, o Tribunal de Justiça de São Paulo iniciou uma campanha contra abusos sexuais no transporte público. A ideia é estimular vítimas e testemunhas a denunciarem os agressores, e assim inibir a prática desse tipo de crime. Para isso, serão espalhados cartazes informativos em trens, metrôs e ônibus, além de avisos nas redes sociais. Em 2014, um anúncio do Metrô de SP causou polêmica ao dizer que trens lotados são bons pra xavecar a mulherada.

O Brasil tem passado uma onda de crimes de cunho sexual contra a mulher, como a explosão de estupros coletivos –o país registra 10 casos do tipo por dia– e recentes feminicídios, quando a mulher é morta por sua condição como mulher. Só no início da última semana, foram quatro assassinatos de mulheres em São Paulo. O Estado de registra um caso a cada quatro dias, mas sofre com a subnotificação –muitos casos são registrados apenas como homicídios.


Endereço da página:

Links no texto: