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Justiça arquiva inquérito de acidente aéreo que matou filho de Alckmin

Reprodução/Facebook/geraldoalckmin
Thomaz Alckmin, filho do governador Geraldo Alckmin (PSDB), com os irmãos, Sophia e Geraldo
Thomaz Alckmin, filho do governador Geraldo Alckmin (PSDB), com os irmãos, Sophia e Geraldo

A Justiça de São Paulo acatou pedido do Ministério Público e arquivou o inquérito que investigava a queda do helicóptero que matou Thomaz Rodrigues Alckmin, filho do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O acidente ocorreu em Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo, em abril de 2015.

Segundo o Ministério Público, as investigações apontaram problema relacionado à falha de material das pás do helicóptero, mas não ficou demonstrado erro humano que tivesse ocasionado o problema. Além de Thomaz Alckmin outras quatro pessoas morreram no acidente ocorrido durante um voo de teste da aeronave.

O relatório do Cenipa (órgão que investiga acidentes aeronáuticos), divulgado em abril, havia atribuído a queda ao fato de os controles flexíveis (ball type) e alavancas (bellcranck), fundamentais para o piloto controlar a aeronave em voo, estarem desconectados antes da decolagem.

A Promotoria de Carapicuíba, porém, discordou da conclusão, afirmando que a aeronave não poderia ter sido acionada tantas vezes, como foi naquele dia, se fosse esse o problema. Além disso, questionou um vídeo feito pela Airbus, fabricante da aeronave, que simulou as condições do voo no momento do acidente, apontando haver "informações imprecisas".

A investigação do Ministério Público então solicitou perícia nas pás da aeronave que se quebraram durante o voo. Segundo a promotora Sandra Reimberg, responsável pelo caso, as pás haviam retornado da manutenção feita pela empresa Helibrás, localizada em Itajubá (MG), no dia do acidente.

Em nota divulgada nesta quinta, o órgão afirma que as análises apontaram para irregularidades em serviços prestados pela Helibrás em relação quanto à pintura, balanceamento estático das pás e pesagem do tip, apontando que não foram seguidas todas as normas do fabricante na execução.

"No entanto, não foi possível atestar a existência de danos em decorrência destas inadequações. As anormalidades encontradas fogem da esfera criminal e foram levadas à Promotoria de Justiça do Consumidor de Itajubá (município onde fica a sede da Helibrás), à Agência Nacional de Avião e ao Cenipa.

Ainda por meio de nota, a Helipark, empresa responsável pela manutenção da aeronave, informou que embora tenha sido prejudicada comercialmente e responsabilizada pelas autoridades aeronáuticas desde o início das investigações sempre "acreditou numa investigação imparcial e isenta com a análise de todas as hipóteses da queda."

A empresa disse ainda que sempre esteve à disposição de toda e qualquer autoridade e que alertou as autoridades para a grave descoberta de um lote de pás com possível defeito de fabricação. Uma destas pás, segundo a empresa, estava instalada no helicóptero PP-LLS acidentado, e outras 81 estão em aeronaves ao redor do mundo, sendo pelo menos cinco no Brasil. "Mais vidas poderão ser salvas se a fabricante e as agências reguladoras agirem", disse a empresa.

Já a Helibras diz que a acusação do Ministério Público é "desprovida de embasamento técnico e não segue o devido critério para investigações de acidentes aeronáuticos". A empresa, que é subsidiária da fabricante de aviões Airbus, aponta que investigações técnicas do Cenipa e da Polícia Civil concluíram que a manutenção das pás do helicóptero não contribuiu para o acidente.

ACIDENTE

O piloto Thomaz Alckmin participava de um voo de testes na aeronave a partir de um heliponto em Carapicuíba quando ocorreu o acidente minutos depois da decolagem.

O helicóptero caiu sobre uma residência dentro de um condomínio localizado em área nobre do município, na estrada da Fazendinha. Além do filho do governador, morreram no acidente o piloto Carlos Haroldo Isquerdo, 53, e os mecânicos Paulo Henrique Moraes, 42, Erick Martinho, 36, e Leandro Souza, 34.

O relatório da Polícia Civil, concluído no final do ano passado, apontava "negligência e imperícia por parte dos técnicos envolvidos na manutenção" e chegou a indiciar cinco pessoas, por homicídio culposo qualificado, homicídio culposo qualificado em coautoria, falso testemunho e alteração de imagens.

Na ocasião, o Ministério Público também refutou a conclusão da polícia e obteve aval da Justiça para continuar apurando o acidente por conta própria, suspendendo também os indiciamentos. Segundo a Promotoria, o perito da polícia não teria qualificação técnica.


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