Folha de S. Paulo


Alckmin mantém vazio prédio que já abrigou o banco mais luxuoso de SP

Há mais de dez anos está vazia a agência bancária mais luxuosa que São Paulo já teve. Inaugurada em 1938 no auge do estilo art déco, pertencia ao antigo Banco de São Paulo, vizinho ao Banespa e à Bolsa de Valores, e a uma quadra do Martinelli.

Desde 1973, quando o Banespa comprou esse banco, o prédio é usado pelo governo do Estado, abrigando a Secretaria de Esportes da gestão Geraldo Alckmin (PSDB). Um tímido programa de visitas monitoradas começa nesta quinta (3). Até 25 pessoas, que precisam fazer inscrição prévia por e-mail (deborahturcultural@gmail.com ), poderão visitar parte do prédio às quintas, das 8h às 10h.

De segunda a quarta, o enorme cofre, que ocupa quase todo o subsolo e tem portas de aço Panzer (a mesma fabricante dos tanques alemães), ficará aberto das 8h às 11h. O cofre já abrigou um improvisado museu dedicado a Adoniran Barbosa. Sem divulgação ou visitação, a coleção foi retirada dali há 12 anos, e o espaço nunca mais teve uso.

A agência no térreo, com lustres e apliques em alabastro, pisos e portais em mármore e granito, mosaico romano em grés, vitrais artísticos e esculturas, já abrigou de mostras de artesanato do interior do Estado a um telecentro, com mesas e computadores com internet gratuita (o infocentro saiu de lá há uma década).

Antigo Banco de São Paulo

Acima do hall e do cofre luxuosos, há menos vazio, mas o clima de ociosidade persiste. Em 14,4 mil metros quadrados de área construída, divididos em duas torres, uma de 15 andares, com fachada para a praça Antonio Prado, outra, de 11 andares, com entrada pela rua São Bento, trabalham apenas 300 funcionários, somando-se até os terceirizados.

Há andares inteiros com menos de 15 funcionários –a Secretaria de Esportes ocupa sozinha o imóvel, enquanto outras pastas estaduais funcionam em imóveis alugados. O arquiteto Alvaro de Arruda Botelho fez o projeto original para a família Almeida Prado, que controlava o antigo banco. Em alguns andares reservados a aluguel, funcionava a sede social do Jockey Clube de São Paulo, com salões de bilhar e de xadrez.

TOMBAMENTO

O edifício foi tombado em 1992 pela prefeitura e em 2003 pelo Estado, graças ao "refinamento artístico, aliado ao apuro técnico do projeto", que "conferem um caráter de excepcionalidade em relação ao conjunto de testemunhas dessa corrente [art déco]", segundo a resolução estadual.

As esquadrias e portas metálicas foram feitas no Liceu de Artes e Ofícios, e a decoração, pelo "perito-decorador" do Mappin, a maior loja de departamentos da cidade. O processo do Condephaat (órgão estadual do patrimônio) diz se tratar "do mais luxuoso e requintado" entre os exemplares art déco da capital.


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