Folha de S. Paulo


Doria reduz serviço de tapa-buracos em 10 prefeituras regionais de SP

Rivaldo Gomes/Folhapress
SAO PAULO, SP, 10/07/2017, BRASIL, 10/07/2017 - BURACOS NA CELSO GARCIA - 11:41:42 - A prefeitura nao tapa os buracos na avenida Clso Garcia, na zona leste. Buraco com vazamento de agua na via na altura do numero 3300, no sentido bairro. (Rivaldo Gomes/Folhapress, NAS RUAS) - ***EXCLUSIVO AGORA*** EMBARGADA PARA VEICULOS ONLINE***UOL, FOLHAPRESS E FOLHA.COM CONSULTAR FOTOGRAFIA DO AGORA***FONES 32242169 E 32243342***
Buraco no asfalto na avenida Celso Garcia, na zona leste de São Paulo

A Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de João Doria (PSDB), determinou a suspensão do serviço de tapa-buracos na Vila Prudente (zona leste) e reduziu esse tipo de reparo ou o somente o valor do contrato em outras nove regionais da capital.

Em reportagem publicada nesta terça (11), o jornal "Agora" mostrou que o número de pedidos de serviço de tapa-buraco por parte da população explodiu no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2016.

Segundo dados da prefeitura, foram feitas 75.769 solicitações entre 1º de janeiro e 19 de junho, ante 54.658 em igual período do ano passado (aumento de 38,6%).

A determinação para a suspensão ou redução dos serviços de tapa-buraco tem sido publicada pelas prefeituras regionais no "Diário Oficial" desde março deste ano.

Na Vila Prudente, por exemplo, a suspensão do serviço de tapa-buraco vale por 120 dias desde o dia 25 de maio. O motivo apontado pela regional foi a "indisponibilidade orçamentária".

Quem vive no bairro não se conforma com a situação. "Tem muito buraco. Não faz duas semanas, eu tive que trocar o miolo da suspensão e a bieleta e fazer alinhamento e balanceamento no meu carro, que é novo, tem só três anos. Gastei R$ 800", afirma o funcionário público Marcus Quitshal, 43.

REDUÇÃO

Em outras prefeituras regionais houve a redução do serviço. São os casos de Santana/Tucuruvi, Jaçanã/Tremembé, Pirituba (zona norte), Guaianases, São Miguel Paulista, Itaquera, São Mateus (zona leste) e Butantã (zona oeste).

Segundo a publicação em "Diário Oficial", há também o caso da Sé, que teve a diminuição de 10% no valor de contrato, sem estar prevista a redução no serviço.

CONTINGENCIAMENTO

A Secretaria de Prefeituras Regionais, da gestão Doria, disse por meio de nota que há um contingenciamento (congelamento) de R$ 7,5 bilhões no Orçamento municipal, afetando áreas da zeladoria, como a Operação Tapa-Buraco, e que a diminuição nas toneladas aconteceu por causa disso.

Segundo a secretaria, na Vila Prudente (zona leste), os serviços de tapa-buraco estavam sendo realizados com auxílio da Superintendência das Usinas de Asfalto e, com a possibilidade de nova dotação orçamentária, voltarão "a funcionar na sua normalidade". Não há prazo. As prefeituras regionais dizem que o gerenciamento das ações é feito por suas equipes.

PREVENÇÃO

Especialistas afirmam que a prefeitura deveria contar com um setor de gerenciamento do asfalto, capaz de monitorar a qualidade da pavimentação e se antecipar aos problemas que levam ao surgimento dos buracos.

Professor de Departamento de Engenharia de Transportes USP São Carlos, José Leomar Fernandes Júnior afirma que é preciso fazer um passo a passo, com manutenção preventiva, correção e reconstrução do pavimento, que, se bem feito, pode durar 20 anos.

"Se tem mais de 10% [de tapa-buraco] em um quarteirão, já passou da hora de fazer recapeamento. Na nossa situação atual, até 30% seria aceitável", diz.

Mestre em transporte, Creso de Franco Peixoto diz que o gerenciamento permitiria economizar dinheiro público. "Enquanto a prefeitura está tapando buraco, é só trabalho de bombeiro", diz.

CIDADE DOS BURACOS - Redução de programa da prefeitura faz acumular problemas de asfalto em São Paulo

PREJUÍZO

Moradores afirmam que é impossível circular pelas ruas e avenidas da Vila Prudente (zona leste) sem ter de desviar dos buracos que tomam conta do asfalto. Vias com grande fluxo de veículos, como as avenidas Ibitirama e Zelina, são exemplos do tamanho do problema.

"A construção de prédios fez passar muitos caminhões por aqui e abriu buracos. Daqui a pouco, a rua vai voltar a ser de paralelepípedo", afirma o comerciante Cássio Ferreira, 27, que trabalha na Ibitirama.

A aposentada Elza Morilo, 68, reclama do fim do tapa-buraco. "Suspender o serviço é algo que não existe. A gente paga impostos para quê? Os carros ficam sucateados com tanto buraco."

O assistente de mecânica Junio Leite, 43, que trabalha em uma oficina na Zelina, afirma que pneus rasgados são problemas comuns causados por buracos no asfalto e que a troca custa em torno de R$ 300. "Tem muito buraco, e não é só por aqui. Se chover, vai piorar a situação", afirma.

variação - Queda em relação ao ano anterior, em %


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