Folha de S. Paulo


Cais do Valongo, no Rio, recebe título de patrimônio da Unesco

O Cais do Valongo, na zona portuária do Rio, ganhou neste domingo (9) o título de Patrimônio Mundial da Unesco.

O cais foi a principal porta de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas. O local já é um sítio arqueológico.

A decisão partiu de 22 nações que compõe o Comitê do Patrimônio Mundial, que reuniu-se na semana passada na Polônia.

O Brasil tem outros locais considerados patrimônios da Unesco, entre eles as cidades de Ouro Preto e Diamantina, em Minas Gerais, o centro histórico de Olinda, Pernambuco, e o centro de Salvador, na Bahia. O plano Piloto de Brasília também tem o mesmo título.

O abandono pelo qual passa o Rio de Janeiro chegou a atingir o sítio arqueológico, que agora será protegido em razão da decisão da Unesco.

Reportagem da Folha publicada no último dia 6 registrou que o material arqueológico achado nas obras de revitalização está ameaçado.

O Iphan (instituto do patrimônio nacional), durante vistoria recente, constatou que o acervo está sem a manutenção adequada, uma atribuição que seria da prefeitura.

O Valongo foi o principal cais de desembarque de africanos escravizados em todas as Américas e também o único preservado materialmente.

"Pela magnitude do que representa, coloca-se como o mais destacado vestígio do tráfico negreiro no continente americano", afirma o Iphan.

Segundo o Iphan, o título de patrimônio mundial representa o reconhecimento, além dos abusos sofridos pelos negros africanos, de sua contribuição para a história e diversidade cultural do Brasil.

"O título também reconhece o valor universal excepcional do local, como memória da violência contra a humanidade representada pela escravidão, e de resistência, liberdade e afirmação, fortalecendo as responsabilidades históricas, não só do Estado brasileiro, como de todos os países membros da Unesco", afirma o Iphan em nota.


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