Folha de S. Paulo


Viciados em crack ocupam parque linear na zona leste de São Paulo

Rivaldo Gomes/Folhapress
Usuários de droga se concentram no Parque Linear Zilda Arns, região de Sapopemba, zona leste de SP
Usuários de droga se concentram no Parque Linear Zilda Arns, região de Sapopemba, zona leste de SP

Um grupo de pelo menos 15 usuários de crack ocupa uma área do Parque Linear Zilda Arns, entre a avenida Vila Ema e a rua Tolstoi de Carvalho, na Vila Tolstoi, em Sapopemba, zona leste de São Paulo. Moradores do bairro reclamam do abandono do local pela gestão João Doria (PSDB).

Nesse trecho, os usuários de crack ficam ao lado de muros que separam o parque das casas nas imediações. Duas barracas chegaram a ser construídas por eles.

Por conta do movimento dos usuários de drogas, os vizinhos reclamam de assaltos, principalmente no período noturno. "À noite, chega a ter mais de 30 deles só nesses dois quarteirões", diz o comerciante Luciano Ferreira, 40, que tem um bar que faz divisa com o parque. Segundo Ferreira, os assaltos são comuns, principalmente contra mulheres e no período noturno.

O comerciante diz que a presença dos viciados causa outros problemas. "Às vezes, eu chego pela manhã e eles estão acampados dentro do meu imóvel, ou, quando saem, deixam vários objetos relacionados ao uso do crack por lá", afirmou.

Lixo, entulho, mato alto e água parada também são alvo de reclamações. Além disso, a ciclovia nesse trecho do parque está praticamente apagada. Moradores da região deixam carros estações dentro da área pública.

Dono de uma barraca de conserto de panelas em um dos acessos do parque, José Paulo Menezes, 51, diz que os usuários de crack vão lá pedir dinheiro e cigarros. "Eles não mexem comigo, mas aqui está sempre uma bagunça, com muito lixo acumulado", diz.

RESPONSABILIDADE

Um grupo de usuários de crack que estava no parque na manhã desta terça (27) negou, à reportagem, o envolvimento em assaltos e a responsabilidade pela sujeira. "A gente vê quem vem despejar entulho aqui dentro. Muitas vezes nós mesmos temos de limpar o lugar em que ficamos", afirma um deles. Ele também negou envolvimento em crimes. "A gente sempre busca um trabalho aqui ou uma ajuda lá. Quem assalta é um pessoal que vem de fora", diz.

Construído no entorno da adutora Rio Claro da Sabesp, o parque foi inaugurado pela prefeitura em 2010 com 7,5 km de extensão. Em nenhum trecho a unidade é gradeada.

OUTRO LADO

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, da gestão Doria, afirmou que a situação dos usuários de crack no Parque Linear Zilda Arns é monitorada. Segundo a secretaria, o atendimento inclui abordagem diária aos dependentes. A pasta diz que, mesmo em situação de rua, os viciados não são obrigados a aceitar o atendimento oferecido pelos profissionais.

A Secretaria do Verde e Meio Ambiente diz que fará, junto com as prefeituras regionais de Sapopemba e São Mateus, um mutirão com moradores no parque nos "próximos dias" para limpeza.


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