Um dia depois de uma decisão da Justiça permitir que a Prefeitura de São Paulo, sob gestão João Doria (PSDB), retire os cobradores dos ônibus, profissionais da categoria diziam temer a perda de empregos. A SPTrans (empresa municipal de transportes) diz estudar recolocação dos cobradores em outras atividades.
O Sindmotoristas (sindicato da categoria) afirma confiar no compromisso assumido pela prefeitura, mas que, "mesmo assim", seu departamento jurídico foi acionado para monitorar e tomar as providências cabíveis, para garantir a vigência da lei que garante a presença dos cobradores no sistema.
Conforme mostrou a Folha nesta sexta (9), o Tribunal de Justiça de São Paulo considerou inconstitucional lei de novembro de 2001 que obrigava a prefeitura a manter cobradores nos ônibus.
Com isso, Doria poderá levar adiante o seu projeto de extinguir aos poucos a função. Embora ainda caiba recurso, a decisão derruba o principal obstáculo formal para efetivar a mudança, considerada estratégica pela gestão tucana para reduzir os custos dos serviços de ônibus.
"Dizem que vão nos realocar [os 20 mil cobradores da capital paulista]. Mas duvido. Acho que vão demitir mesmo. Somos pais de família, precisamos desse trabalho", disse um cobrador de 36 anos da linha 576C/10 (Metrô Jabaquara-Terminal Santo Amaro), que testa ônibus sem cobradores.
Para um motorista da mesma linha, de 47 anos, o cobrador fará falta. "É um profissional essencial. Dá informações para os passageiros, ajuda cadeirantes e nos avisam quando as pessoas já desceram. Isso dá segurança. Nem sempre enxergamos o coletivo quando está cheio".
Um motorista dessa mesma linha, que dirige um ônibus sem cobrador, disse que o tempo de viagem aumentou em cerca de dez minutos.
"Isso porque tenho que parar tudo para ajudar cadeirantes, por exemplo. Mas também paro, e me atraso, porque tenho que explicar aos passageiros com dinheiro que eles precisam aguardar o próximo ônibus com cobrador".
Todos os funcionários pediram para não serem identificados.
Passageiro dessa linha, o aposentado Joel Dias, 60, reclama quando entra no ônibus sem cobrador. "Os motoristas perdem muito tempo, atrasa nossa viagem."
A SPUrbanuss (sindicato das empresas) diz que não há determinação para que "a frota em operação trabalhe sem o cobrador".
Quem paga os custos do sistema -