Folha de S. Paulo


Estações da linha azul do metrô voltam a operar 9 horas após descarrilamento

Marcia Rietman/Leitora
Composição saiu dos trilhos na manhã desta sexta-feira nas proximidades da estação Jabaquara
Composição saiu dos trilhos na manhã desta sexta-feira nas proximidades da estação Jabaquara

A linha 1-azul do metrô voltou a operar normalmente por volta das 18h50 desta sexta-feira (9), nove horas após um descarrilamento que fechou as estações São Judas, Conceição e Jabaquara.

Segundo o Metrô, uma análise preliminar da Comissão Permanente de Segurança aponta que o descarrilamento foi provocado por uma falha humana. "Houve descumprimento de procedimento operacional", afirmou a empresa, em nota. O funcionário envolvido na ocorrência foi afastado.

O descarrilamento aconteceu às 9h40 na estação Jabaquara (zona sul), danificando os três primeiros vagões do trem que seguia no sentido Tucuruvi.

Quase todos os bancos do primeiro vagão estavam ocupados, mas não havia ninguém em pé, segundo os passageiros. Assim que saiu, antes mesmo de o trem pegar velocidade, passageiros escutaram barulhos de "quebradeira" do lado de fora, nos trilhos. A trepidação começou suave e passou a chacoalhar de forma intensa. Tudo isso em cerca de cinco segundos.

"Um minuto depois, apareceram funcionários com escadas e saímos de forma cuidadosa, porque podia haver tensão nos trilhos. Fomos levados até uma passarela e, dali, caminhamos 150 m de volta para (a estação) Jabaquara. Tremi. Ficamos abalados", conta a analista financeira Márcia Rietman, 36.

Com o fechamento das estações São Judas, Conceição e Jabaquara, foi acionado o Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência), que disponibilizou ônibus para atender aos passageiros. Inicialmente, foram quatro coletivos, mas depois o número subiu para 20, segundo a SPTrans.

A circulação de trens seguiu com velocidade reduzida e maior tempo de parada entre as estações Tucuruvi (zona norte) e Saúde (zona sul). Também foram registrados alguns problemas de filas, principalmente na Saúde, onde acontecia o embarque e desembarque dos ônibus do Paese.

A entrada da estação Jabaquara estava lotada por volta das 11h, pouco mais de uma hora depois do descarrilamento. Passageiros se deparavam com o aviso de que a parada estava fechada e que não havia previsão de retorno do serviço. Grávida de nove meses, a vendedora Taluana Costa, 30, foi pega de surpresa. "Ninguém informa direito o que está acontecendo nem nossas opções", reclamou.

Um grupo de seis amigos decidiu rachar a despesa e pegar um carro de aplicativo até a estação mais próxima, Saúde. "Fica quase o mesmo preço do ônibus", diz o analista Renato Francisco, 26.

Nesse momento, havia quatro ônibus do Paese (ônibus gratuitos) circulando na entrada principal. Passageiros formaram filas gigantescas e houve confusão no embarque. A avenida Jabaquara ficou entupida de veículos no início da tarde. No começo da noite, estações e pontos de ônibus também estavam lotados.

Esse não foi o único problema que os passageiros tiveram no metrô nesta sexta. No início da manhã, a presença de um cachorro no teto de uma composição na estação Guilhermina-Esperança atrasou a saída de um trem na linha 3-vermelha.

Já na CPTM, uma falha no sistema de energia fez com que os trens trafegassem com maior tempo de parada e velocidade reduzida entre as estações Francisco Morato e Franco da Rocha. O problema teve início por volta das 7h e foi solucionado às 12h45, segundo a empresa.

Dhiego Maia/Folhapress
Fila de passageiros na estação Santa Cecília, linha 3-vermelha; descarrilamento ainda causa reflexos
Fila de passageiros na estação Santa Cecília, linha 3-vermelha

OUTROS DESCARRILAMENTOS

Este foi o terceiro descarrilamento registrado no metrô de São Paulo desde o início do ano. Os outros dois aconteceram em fevereiro. O Metrô, no entanto, afirma que os incidentes não estão relacionados, aconteceram em locais diferentes, em circunstâncias diferentes.

Um dos casos aconteceu no dia 7, entre as estações Arthur Alvim e Corinthians-Itaquera, na linha 3-vermelha, e foi causado por superaquecimento dos rolamentos do trem.

Outro ocorreu no dia 21 e fechou a estação Adolfo Pinheiro na linha 5-lilás (Capão Redondo e Adolfo Pinheiro). Segundo o Sindicato dos Metroviários, uma falha no equipamento fez os vagões trocarem de trilhos.

Antes das ocorrências, o último acidente deste tipo registrado no metrô de São Paulo foi em agosto de 2013 perto da estação Palmeiras-Barra Funda (zona oeste). O trem envolvido no acidente era da da frota K, a mesma do acidente do dia 7. São composições com mais de 30 anos e que passaram por reformas de modernização para continuar circulando.

Houve ainda neste ano um outro descarrilamento em fevereiro, mas na linha 12-safira da CPTM. O acidente aconteceu próximo à estação Itaim Paulista, e afetou o sistema de energia. Com isso, a circulação ficou interrompida entre Itaim Paulista e Calmon Viana.


Endereço da página:

Links no texto: