Folha de S. Paulo


Sereno Chaise (1928-2017)

Mortes: Político gaúcho cassado pela ditadura militar

Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul/Divulgação
Sereno Chaise (1928-2017)
Sereno Chaise (1928-2017)

"[O brasileiro] é que nem criança, cai para aprender a caminhar. (...) Eu sou otimista, acredito no país, no futuro do Brasil", disse Sereno Chaise em entrevista a pesquisadores gaúchos em 2014, com a propriedade de quem viu de perto a conturbada história do país no século passado.

Nascido em Soledade (RS), envolveu-se na política quando mudou-se para a capital gaúcha para estudar direito, nos anos 1940. Filiou-se ao PTB, onde conheceu Leonel Brizola, com quem chegou a dividir uma pensão e de quem foi braço direito por décadas.

Depois de ser vereador e deputado, foi eleito prefeito de Porto Alegre em 1963, mas foi preso (ainda que por um dia) e teve os direitos políticos cassados meses depois, após o golpe militar.

Sem poder exercer a política institucional, advogou e foi até dono de um restaurante para sustentar a família durante os anos de ditadura.

Mas não se resignou. Em junho de 1964, questionado por policiais na fronteira com o Uruguai se visitaria Brizola, então exilado em Montevidéu, disparou, segundo relataria anos depois : "Aprendi que, na hora do infortúnio, é obrigação se procurar amigo. Se o senhor aprendeu diferente, o problema é seu."

Com a redemocratização, ajudou a fundar o PDT, em 1979, e foi presidente do diretório gaúcho do partido.

Mas rompeu com os correligionários e com o próprio Brizola em 2000, quando apoiou Tarso Genro à prefeitura de Porto Alegre, em detrimento do pedetista Alceu Collares. No ano seguinte, filiou-se, com Dilma Rousseff e outros militantes, ao PT.

Assumiu em 2003 a diretoria financeira da CGTEE, companhia gaúcha de energia, e foi presidente da empresa entre 2006 e 2015, quando, já com idade avançada, retirou-se da vida pública.

Tratava uma insuficiência renal nos últimos anos e morreu na última quinta-feira (1º), aos 89, por falência múltipla de órgãos. Deixa a mulher, Rosane Zanella, filhos e netos.

Políticos lamentaram a morte de Chaise e o governo gaúcho decretou luto oficial por três dias.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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