Folha de S. Paulo


Entenda os principais pontos da crise na região da cracolândia, em SP

1. O que desencadeou a discussão sobre a cracolândia?
No domingo (21), a polícia de São Paulo, da gestão Alckmin (PSDB), realizou uma das maiores operações de combate ao tráfico de drogas na região com 900 agentes, planejada desde fevereiro pelo Denarc (Departamento de Narcóticos). Os policiais soltaram bombas, avançaram e desmantelaram a feira livre de entorpecentes que existia no local.

2. Quais foram os resultados da operação?
Ao todo, 50 pessoas foram presas e três adolescentes, detidos. Foram apreendidas armas (entre pistolas e revólver), um simulacro de metralhadora e uma grande quantidade de droga. Também foram cumpridos mandados judiciais para busca e apreensão em cerca de 80 locais na zona leste e norte da capital e em alguns endereços na Grande SP e no litoral paulista.

3. Comerciantes e moradores da região central foram avisados?
Não. Foram pegos de surpresa na manhã de domingo, quando também acontecia a Virada Cultural na região.

4. O que aconteceu com os usuários?
Eles foram dispersados. Parte vaga pelas ruas do centro e ao menos 200 ocupam a praça Princesa Isabel, a quase 400 metros do antigo "fluxo", que ficava na al. Dino Bueno com a r. Helvétia.

5. A ação foi articulada com ações sociais e de saúde de Doria?
Não. A gestão Doria sabia da operação e havia dito que cadastraria os usuários para poder encaminhá-los aos locais adequados, mas o que se viu no dia foram dependentes buscando atendimento sem nenhuma ação de acolhimento. O cadastramento só começou depois.

6. Qual é a situação atual da "cracolândia desativada"?
A GCM faz revistas para evitar que usuários voltem o local. Doria lacrou comércios antes que os proprietários pudessem retirar seus pertences e começou a demolir um imóvel, mas parou após um muro desabar e ferir três pessoas.

7. As demolições têm respaldo da Justiça?
Não. Após pedido da Defensoria Pública, a Justiça de SP concedeu liminar que impede a demolição ou interdição de imóveis e a remoção de moradores sem que seja dado atendimento de saúde e habitacional, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.

8. Doria pode ser responsabilizado?
O Ministério Público de SP abriu um inquérito para apurar a atuação da GCM no dia da operação, sob suspeita de agressões. O órgão estuda ainda uma ação por improbidade administrativa, alegando que a prefeitura não seguiu o projeto do programa Redenção, que dizia, entre outros pontos combinados com o MP, que não haveria um "dia D".

9. O que diz a prefeitura?
Afirma que "nunca foi intenção fazer intervenções em edificações ocupadas sem que houvesse arrolamento prévio de seus habitantes", o que foi contrariado por moradores despejados às pressas. Diz ainda que "o cadastramento das famílias já está sendo feito. As pessoas que aceitarem desocupar os imóveis serão encaminhadas para opções de habitação social. Aqueles que não aceitarem deverão ser objeto de ações judiciais".

10. Qual é o plano de Doria para os usuários de droga?
O programa Redenção, que começou a ser implantado no domingo e substitui o Braços Abertos, da gestão Fernando Haddad (PT), tem como objetivos a redução da vulnerabilidade dos usuários e a revitalização da região da Luz e de outras áreas de uso de drogas.

Ele é estruturado em seis eixos de trabalho (saúde, social, urbanístico, segurança, zeladoria e governo/Justiça) e estabelece 32 ações, incluindo moradia distante do "fluxo", trabalho em empresas privadas e encaminhamento a tratamento. O Ministério Público de SP e o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP), que discutiam o projeto com a prefeitura, porém, dizem que a administração não está seguindo o plano acordado.


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