Folha de S. Paulo


Após feridos, Doria evita se expor e deixa crise com subordinados

O papel de protagonista do prefeito João Doria após a megaoperação da polícia na cracolândia chegou a motivar descontentamento de aliados do governador Geraldo Alckmin, seu padrinho político no PSDB.

Ainda na manhã de domingo (21), horas depois da intervenção policial que retirou usuários e traficantes de drogas, Doria visitou a região, disse que a cracolândia "acabou", anunciou ações municipais, publicou vídeo em redes sociais e ofuscou Alckmin –para quem os principais méritos seriam do Estado.

Marivaldo Oliveira/Código19/Folhapress
Morador é socorrido após queda de muro de imóvel na al. Dino Bueno; prefeitura preparava demolição no local
Morador fica ferido em queda de muro de imóvel na cracolândia; prefeitura prepara demolições na região

Nesta terça (23), o prefeito disse que só falaria sobre cracolândia à tarde. Foi ao local às 14h para apresentar novas medidas. Logo após ser informado da demolição com feridos, em meio ao som de sirene dos bombeiros, Doria disse:

"Vou pedir para verificar. Estamos tomando o cuidado de retirar todas as pessoas dos imóveis e abrigá-las em áreas próximas e outras nem tanto. Evidentemente há pessoas que insistem em permanecer, mas temos o cuidado de retirá-las. Ainda não tenho informações, pedi para os técnicos verificarem."

Em seguida, foi embora, sem passar pelo local do desabamento. A prefeitura marcou entrevista para falar do acidente às 16h. Desta vez, Doria não apareceu.

Coube aos secretários Marcos Penido (Serviços e Obras), Wilson Pollara (Saúde) e Filipe Sabará (Assistência e Desenvolvimento Social) dar explicações e enfrentar o desgaste. Segundo a assessoria de Doria, ele não participaria porque tinha outra agenda.

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HORA A HORA

Demolição de imóveis na região da cracolândia teria início nesta terça (23), mas ação apressada deixa feridos e João Doria (PSDB) se distancia

8h
> Assaltos são relatados na praça Princesa Isabel, onde se formou novo acampamento de dependentes químicos

10h
> Guardas e agentes da prefeitura visitam pensões e comércios, pedindo que pessoas deixassem os locais

11h
> Em entrevista coletiva na prefeitura, João Doria (PSDB) se nega a falar sobre a cracolândia

14h
> O prefeito visita a região para acompanhar o início das demolições na alameda Dino Bueno e na rua Helvétia

> Escavadeira da prefeitura começa a demolir pensão com moradores dentro. Três pessoas ficam feridas

16h30
> Sem Doria, prefeitura admite responsabilidade pelos feridos

> Policiais dispersam dependentes, mas eles retornam à praça P. Isabel


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