Folha de S. Paulo


Projeto escolhido para nova Ceagesp prevê hotel, shopping e até ciclovia

Iniciativa de um grupo de comerciantes, a nova Ceagesp privada de São Paulo definiu seu projeto arquitetônico. Esse é o primeiro grande passo para o início das obras da estrutura, que está de mudança para Perus (na zona norte da capital paulista).

O maior entreposto de abastecimento de alimentos da América Latina terá hotel com até 260 quartos, shopping center, ciclovia e mais uma estação de trem –na região, já circulam composições da linha 7-rubi da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

A proposta levou três meses para ser escolhida. Oito escritórios de arquitetura participaram da seleção. Venceu o consórcio Monacelli Vieira –parceria entre dois arquitetos da capital paulista.

"A ideia era fazer um entreposto que não fosse apenas um local de passagem, mas de permanência com serviços para quem compra, vende e distribui alimentos", diz o arquiteto Marcel Monacelli, que divide o projeto com o colega Marcos Vieira. A dupla já planejou centros logísticos, indústrias e hotéis.

No terreno de 1,6 milhão de metros quadrados, localizado nas margens da rodovia Bandeirantes, serão erguidos entre seis e oito galpões. Os novos prédios vão dobrar o espaço dos boxes onde são comercializados pescados, carnes, verduras, legumes e frutas frescas, entre outros.

Os locais terão ainda um sistema de aproveitamento de água da chuva, coleta e tratamento de esgoto e uma produção própria de energia a partir de painéis fotovoltaicos instalados nos telhados.

O novo empreendimento também atacará um problema crônico do atual entreposto em operação na Vila Leopoldina (zona oeste): a falta de mobilidade. Para garantir que as esperadas 50 mil pessoas e os cerca de 2.000 caminhões em circulação por dia no local não acabem travados num congestionamento, as vias internas serão largas e terão quatro faixas.

"Um sistema eletrônico também vai organizar o horário e os locais onde o caminhoneiro pode descarregar", diz Vieira. Também haverá cerca de 10 mil vagas de estacionamento para visitantes.

O custo do projeto arquitetônico beira os R$ 5 milhões. Os comerciantes vão gastar mais R$ 9 milhões em estudos complementares para, entre outros, obter licenças da Cetesb (agência ambiental estadual). O valor da obra e da execução da construção é estimado em R$ 1,5 bilhão.

Para o economista Sérgio Benassi, presidente do Nesp (Novo Entreposto de São Paulo), uma sociedade entre comerciantes, parte dos custos será dividida inicialmente entre 200 profissionais. "Também vamos captar recursos em grandes fundos de investimentos", afirma. A expectativa é que o entreposto começa a operar entre 2020 e 2021.

MUDANÇA

Benassi estima que os comerciantes vão trocar de endereço aos poucos. Hoje, trabalham no entreposto cerca de 1.900 vendedores. "A partir de agora, com o projeto arquitetônico em mãos, eles terão mais clareza da nova gestão", diz Benassi, que será formada por um conselho.

A atual Ceagesp é uma empresa pública ligada ao Ministério da Agricultura e seu terreno pertence à União. A gestão João Doria (PSDB) –que apoia a iniciativa dos comerciantes, assim como a de seu antecessor, Fernando Haddad (PT)–, quer desapropriar o local e construir um centro de tecnologia e inovação. Para vingar, a iniciativa depende de parcerias.

Editoria de Arte/Folhapress
Nova Ceagesp

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