Folha de S. Paulo


Motoristas de SP devem cruzar os braços por 3 horas na tarde de terça

Artur Rodrigues/Folhapress
Saída dos ônibus pode atrasar nesta segunda (15). Sindicato realiza assembleias em todas as garagens

Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo prometem cruzar os braços entre 14h e 17h desta terça-feira (16). Até o momento, o sindicato e as viações ainda não chegaram a um acordo sobre reposição salarial.

Os motoristas reivindicam um reajuste de 6,4% referente ao período de maio de 2016 a maio deste ano e mais 5% de ganho real. A proposta patronal é parcelar em duas vezes um reajuste salarial total de 3%. O sindicato também cobra o pagamento do PLR (Participação nos Lucros e Resultados) referente aos últimos 12 meses.

Na madrugada deste segunda-feira (15), o sindicato da categoria (Sindmotoristas) realizará nova assembleia em todas a garagens do município, o que pode atrasar a saída dos ônibus dos terminais. Na última sexta (12), segundo o sindicato, os ônibus saíram para as ruas com atraso nas zonas sul e norte da cidade, após assembleias de motoristas e cobradores.

No ano passado, último ano da gestão Fernando Haddad (PT), também houve paralisações por reajustes.

Em nota, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes disse que "tomará todas as providências para impedir que a população seja prejudicada com a paralisação anunciada para o dia 16/05" e que a SPTrans acompanha a negociação entre as empresas que operam o sistema municipal de transportes e a categoria.

COBRADORES

Se confirmada, a nova paralisação ocorrerá pouco mais de 15 dias após o protesto que travou o sistema de transportes da cidade.

O ato, porém, fez parte da greve geral em todo o país, organizada por sindicatos e movimentos sociais contrários às reformas da previdência e trabalhista.

Com isso, este pode ser o primeiro ato em que a negociação caberá só à gestão do prefeito João Doria (PSDB).

A relação com profissionais de transporte tem sido mais tensa desde que o tucano anunciou que pretende acabar com os cobradores, os quais atuam dentro dos coletivos que circulam nos grandes corredores -nos ônibus
menores, que circulam no interior dos bairros, não há.

Em entrevista à Folha publicada no último dia 10, Doria disse que deve fazer isso até o final de seu mandato. O prefeito, porém, promete que isso não vai gerar desemprego porque as empresas que atuam na cidade terão que acomodá-los em áreas administrativas ou treiná-los para serem motoristas.

Há cerca de 19 mil cobradores e 33 mil motoristas que atuam nos aproximadamente 15 mil ônibus da cidade.

O protesto também ocorre em meio às discussões para a futura licitação dos transportes, emperrada desde 2014 após questionamentos do Tribunal de Contas e que definirá as novas viações que vão operar no município.

A expectativa é que o novo sistema deve baratear os custos do sistema e conter o avanço dos gastos com subsídios (para bancar gratuidades não previstas em contrato), que devem ultrapassar os R$ 3 bilhões.


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