Folha de S. Paulo


Jovem tem turbante arrancado em festa de formatura em Minas Gerais

Reprodução/Facebook@Dandara Tonantzin
Dandara Tonantzin, que teve seu turbante arrancado em uma festa em Uberlândia no domingo (23)
Dandara Tonantzin, que teve seu turbante arrancado em uma festa em Uberlândia no domingo (23)

A pedagoga e ativista de igualdade racial Dandara Tonantzin Castro teve seu turbante arrancado em uma festa de formatura no último final de semana no Palácio Cristal, em Uberlândia (Triângulo Mineiro).

Dandara participava do baile do curso de engenharia civil da UFU (Universidade Federal de Uberlândia). No relato publicado em seu Facebook ela conta que, na manhã de domingo (23), um jovem puxou forte o seu turbante e ela se afastou em seguida.

"Quando passei por ele novamente, sozinha, ele puxou pela segunda vez, fiquei tão brava que gritei para ele não tocar no meu turbante", ela conta no relato que já ultrapassa 14 mil compartilhamentos.

Membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), Dandara Tonantzin denunciou o episódio como crime de racismo. O episódio foi registrado em B.O como "agressão física motivada por preconceito racial".

Os agressores foram identificados, mas a denunciante preferiu não divulgar a identidade para se preservar.

Segundo informações da 2ª Delegacia de Polícia Civil, onde o caso é apurado, o delegado responsável vai intimar vítima, autores e testemunhas para definir a denúncia, pois "não foram definidas as palavras usadas durante o evento, apenas indicado que houve ofensa de preconceito racial, o que não tem validade jurídica."

"Não me chamaram de macaca, mas o que motivou homens brancos a agredir uma mulher negra, arrancando violentamente um símbolo da cultura negra? Racismo não é definido só por palavras. Quem sabe se sofreu discriminação sou eu", disse Dandara.

A ativista afirmou que, depois de arrancarem o turbante e jogarem cerveja nela, os autores foram retirados da festa. "Um deles disse ao segurança que tinha 'apenas' tirado o meu turbante", conta Dandara.

Ela disse que ainda foi ameaçada por amigos e namoradas dos agressores. "Falaram que iam arrancar sangue e jogar fezes em mim", disse a pedagoga, que permaneceu no local até cerca de 9h.

Em nota, os responsáveis pelo salão de festas onde ocorreu o evento informaram que "os seguranças agiram dentro dos limites legais, sem fazer distinção de qualquer natureza".

A empresa informou que o ocorrido não foi gravado no circuito interno de câmeras. Porém, segundo Dandara, houve testemunhas nos diferentes momentos da agressão. Elas estão sendo contatadas para relatar o episódio à polícia.


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