Folha de S. Paulo


Monumento às Bandeiras ganha protetor de ouvido contra ruídos de SP

Quem passa pelo Monumento às Bandeiras nesta quarta-feira (26) se surpreende com um acessório bastante diferente decorando a obra de Victor Brecheret. Os protetores de ouvido foram colocados na estátua como uma forma de lembrar a população sobre os riscos da poluição sonora.

"Ao longo dos anos, o ruído pode provocar derrame, infarto, pode até matar. O problema é a dose. Na OMS [Organização Mundial da Saúde] tem muitos estudos sobre isso. Não é a toa que a poluição sonora passou a poluição da água e já é o segundo pior tipo de poluição ambiental, perde só para a poluição do ar", afirma Marcos Holtz, coordenador do comitê acústica ambiental da ProAcústica, uma das organizadoras da ação.

Os protetores de ouvido no Monumento às Bandeiras são apenas uma das ações que acontecem nesta quarta na capital paulista por conta do Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído. A obra deve ser iluminada com luz amarela –tema do evento deste ano–, assim como o prédio da Assembleia, e será feito um minuto de silêncio no parque Ibirapuera, às 14h25.

Além da ProAcústica (Associação Brasileira para Qualidade Acústica), o evento é uma iniciativa da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e da Umapaz (Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz). Deve haver ainda palestras e debates na sede da universidade e uma passeata na região do Ibirapuera.

Na Europa, o ruído ambiental é apontado como causa de pelo menos 10 mil mortes prematuras, mais de 900 mil casos de hipertensão e 43 mil internações hospitalares em 2014, segundo estimativa da Agência Europeia do Meio Ambiente (EEA). Não há levantamentos semelhantes no Brasil.

PSIU

Na semana passada, a gestão João Doria (PSDB) publicou dois decretos para reforçar as ações do Psiu (Programa de Silêncio Urbano), que fiscaliza bares e restaurantes depois da 1h –o barulho excessivo depois desse horário pode render multa de até R$ 30 mil. O total de fiscais nessa função deve saltar dos atuais 13 para 232.

Apesar de achar a medida importante, Holtz aponta que os ruídos provenientes de estabelecimentos são os mais fáceis de resolver, dependendo apenas de uma fiscalização mais eficaz. O problema é mais complicado quando se trata do som emitido por aeroportos, pelo metrô, pelos ônibus.

Para esses casos, ele aponta a importância do Mapa de Ruído Urbano, que foi criado no ano passado, na gestão Fernando Haddad (PT), e deverá ser concluído em até sete anos. "O mapa vai buscar um diagnóstico da cidade. Vai mostrando o valor sonoro e os locais da cidade onde há mais exposição. Nos locais com maior ruído tem maior deterioração da saúde."

"A partir dele, vêm as ações, que podem ser controle de pousos e decolagens, troca de asfalto, barreira acústica, limitação de transporte de explosão em áreas centrais. É preciso mexer com uso e ocupação do solo. Se tem zona barulhenta, não vamos colocar uma zona residencial ao lado, colocamos uma zona mista antes", conclui Holtz.


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