Folha de S. Paulo


Hospital São Paulo cobra verba federal e ameaça fechar as portas

Rivaldo Gomes/Folhapress
Pronto-socorro do Hospital São Paulo, na zona sul da capital paulista
Pronto-socorro do Hospital São Paulo, na zona sul da capital paulista

O Hospital São Paulo pode fechar as portas se o governo do presidente Michel Temer (PMDB) não aumentar os repasses à unidade, anunciou o diretor da instituição, José Roberto Ferraro, nesta quarta-feira (19).

Por causa de uma crise financeira, desde o início do mês o pronto-socorro do hospital universitário (na zona sul da capital) passou a atender apenas casos de urgência e emergência. De acordo com o hospital, mais de 14 mil pessoas ficaram sem atendimento neste período. As cirurgias caíram de 1.343 em março para 598 em abril.

Segundo Ferraro e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o hospital precisa de R$ 1,5 milhão por mês (ou R$ 18 milhões por ano) para reabrir o pronto-socorro e continuar funcionando normalmente.

Em 2016, o Hospital São Paulo atendeu 59% mais pessoas em seu pronto-socorro do que atendia seis anos antes –passou de 236 mil em 2010 para 376 mil no ano passado. A Unifesp diz que os repasses do SUS (Sistema Único de Saúde), no entanto, não acompanharam o aumento dos atendimentos.

Por ano, a unidade recebe R$ 171 milhões por meio de um convênio com o SUS, montante que representa 31% do total das receitas. Outra parte da verba chega por meio do governo federal e do Rehuf (programa de reestruturação dos hospitais universitários).

No ano passado, a unidade teve um deficit de R$ 34 milhões.

Para conseguir se manter, o hospital tem feito empréstimos em bancos e adiado o pagamento de fornecedores –a dívida já chega a R$ 160 milhões. O hospital é gerido pela Unifesp e por uma organização social.

REUNIÕES

Segundo a direção, já houve três reuniões com o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Sem sucesso. "O ministro disse oficialmente que está esperando aporte em seu orçamento para nos atender, mas não deu data. Se isso não ocorrer [repasse de R$ 18 milhões], nós não sabemos o que pode acontecer [com o hospital]. Não sabemos dizer o quanto o hospital aguenta", disse Ferraro.

"O Estado de São Paulo e a nação não podem perder esse hospital. Nós queremos que ele volte a funcionar plenamente", diz Soraya Smaili, reitora da Unifesp.

Cerca de 90% dos atendimentos do Hospital São Paulo ocorrem por meio do SUS, de forma gratuita. Há 95 especialidades médicas de alta e média complexidade.

Mais de 1.160 alunos da graduação da universidade e 2.632 pós-graduandos atuam na unidade, por meio de pesquisas médicas e de aprendizado.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que solicitou informações sobre a situação financeira e quantidade de atendimentos realizados pelo Hospital São Paulo. "A partir desse levantamento, serão analisadas soluções conjuntas com as secretarias de Saúde do Estado e da capital para garantir a assistência da população", diz a pasta.


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