Folha de S. Paulo


Doria quer celular para pagar ônibus e nega embaraço com 'Lava Jato coreana'

Alencar Izidoro/ Folhapress
Doria em visita a Samsung na Coreia do Sul
Doria em visita a Samsung na Coreia do Sul

O prefeito João Doria (PSDB) acertou uma parceria com a Samsung, empresa de tecnologia com sede na Coreia do Sul, para que sejam feitos testes em São Paulo do uso de telefone celular para pagamento da tarifa dentro dos ônibus, como um Bilhete Único.

O assunto foi tratado na manhã desta sexta-feira (14) em Seul (noite de quinta pelo horário de Brasília) pelo prefeito em encontro com executivos da empresa, que é alvo de acusações correspondentes a uma "Lava Jato coreana".

O principal líder e herdeiro da Samsung, Lee Jae-yong, foi preso acusado de corrupção, com pagamento de mais de US$ 50 milhões a fundações de uma amiga da presidente da Coreia em troca do aval para a fusão de duas divisões do grupo.

O escândalo levou ao impeachment e à prisão neste ano da presidente da Coreia, Park Geun-hye. A empresa nega as acusações.

"A Samsung não pagou subornos nem fez pedidos impróprios à presidente em busca de favores. Faremos nosso melhor para garantir que a verdade seja revelada em futuros processos judiciais", informou a empresa à Folha.

Alencar Izidoro/ Folhapress
Doria em visita a Samsung na Coreia do Sul
Doria em visita a Samsung na Coreia do Sul

Após firmar a parceria com a Samsung, Doria negou qualquer constrangimento devido às acusações contra a empresa.

"Nenhum embaraço. A Samsung é uma das empresas de maior tecnologia do mundo. Ela atende governos nos EUA, Europa, Ásia, independentemente de suas questões internas", disse Doria.

Segundo ele, nesses acordos são resguardados os cuidados tanto da parte de governo como da empresa.

A Samsung já utiliza a tecnologia de uso do celular para pagamento no transporte público em Seul. Pela parceria feita com a capital paulista, os testes serão gratuitos e os prazos ainda serão definidos.

O prefeito reafirmou a promessa de colocar wi-fi em praças, parques e estações de ônibus até 2020.

Doria, que voltou a defender a Lava Jato no Brasil e dizer que "nunca se roubou tanto" como na gestão federal do PT, disse ainda que a capital paulista vai adotar a digitalização de todos os processos da prefeitura até o final de 2018, facilitando também os pedidos dos cidadãos. "Não teremos mais papel."

VIAGEM

A viagem de Doria a Seul é a segunda missão internacional do prefeito.

Antes, ele havia feito turnê pelo Oriente Médio em fevereiro. Além de buscar experiências exitosas, Doria pretende atrair parcerias e investidores para seu plano de privatizações e concessões.

A visita à Coreia do Sul, com a maioria das despesas pagas pela Prefeitura de Seul, ocorre num momento de turbulência política no país devido ao impeachment e à prisão da presidente da República, Park Geun-hye, num escândalo com repercussão equivalente a uma "Lava Jato coreana".

Doria tem em sua agenda de compromissos visitas a conglomerados que estão no epicentro da crise, principalmente a Samsung, cujo herdeiro e principal cabeça do grupo, Lee Jae-yong, foi preso acusado de dar cerca de US$ 50 milhões a fundações de uma amiga da presidente em troca de favores. A empresa nega as acusações.


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