Folha de S. Paulo


Alckmin vê tarifa 'barata' e anuncia reajuste nos bilhetes de integração

Ronny Santos/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 05-10-2016 - SUBSIDIOS DE ONIBUS - Congelamento de tarifa. Onibus na Xavier de Toledo. (Foto: Ronny Santos/Folhapress)
Ônibus na rua Xavier de Toledo, centro de São Paulo; integração terá ajuste além da inflação

Após decisão do STJ favorável ao aumento do valor da integração do Bilhete Único, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que a partir de sábado (15) passarão a valer as novas tarifas para quem utiliza conjuntamente metrô e trens da CPTM e os ônibus da capital paulista.

O aumento havia sido suspenso pela Justiça no início do ano, em uma derrota para Alckmin. O reajuste é acima da inflação, tanto na integração de ônibus com metrô ou trem (de R$ 5,92 para R$ 6,80) como nas modalidades diária (de R$ 16 para R$ 20) e mensal (de R$ 230 para R$ 300).

Após o anúncio do governo do Estado, a gestão do prefeito João Doria (PSDB) afirmou que as modalidades temporais apenas de ônibus terão os mesmos valores dos trilhos.

REAJUSTES NO TRANSPORTE -

O reajuste do bilhete compensará, em parte, o congelamento das tarifas unitárias dos trens e metrô.

"É importante esclarecer que a tarifa básica dos ônibus municipais, Metrô e da CPTM permanece em R$3,80, mesmo valor praticado em 2016. A tarifa básica paulistana está entre as mais baratas da Região Metropolitana de São Paulo", afirma nota do governo Alckmin.

Neste ano, o valor das passagens de metrô e trem, hoje em R$ 3,80, não foi reajustado, segundo decisão tomada pelo governador no fim do ano passado. Na ocasião, o governo optou por reajustar apenas as tarifas intermunicipais após Doria, aliado político de Alckmin, confirmar promessa de que as tarifas de ônibus da capital seriam mantidas em R$ 3,80 ao longo deste ano.

CUSTO E BENEFÍCIO - Veja se valerá a pena ou não comprar os bilhetes temporais após os reajustes

As decisões judiciais que barraram o reajuste foram resultado de um pedido feito pela bancada do PT na Assembleia Legislativa.

No começo do ano, o Tribunal de Justiça de SP negou o pedido do governo paulista para reverter decisões contrárias ao reajuste.

O Estado então recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), justificando que, sem o reajuste e com o congelamento das tarifas, teria que arcar com prejuízos no valor de R$ 400 milhões ao ano. No sábado (8), o tribunal acatou o recurso e permitiu os aumentos.

OUTRAS MODALIDADES

Os bilhetes Madrugador (Metrô das 4h40 às 6h15 e CPTM das 4h40 às 5h35) e Da Hora (das 9h às 10h, nas linhas 8, 9 e 5), que custavam R$ 2,92, terão valor de R$ 3,40. Já o bilhete Fidelidade terá desconto de 10,5%, de acordo com o número de viagens.

QUEM SERÁ AFETADO - Como as tarifas de ônibus são pagas em São Paulo (em % de viagens mensais)

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Entenda o vaivém das tarifas

3.out.2016
Um dia após ser eleito, João Doria (PSDB) diz que passagens de ônibus seriam congeladas em 2017

6.out.2016
Promessa causa constrangimento ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), seu padrinho político; o costume é combinar reajustes das tarifas com a prefeitura

18.nov.2016
Doria sinaliza que vai reavaliar gratuidade nos ônibus a idosos de 60 a 64 anos que ainda trabalhem para amenizar impacto do congelamento

25.out.2016
Alckmin encomenda estudo para rever gratuidades no Metrô e na CPTM, reavaliando, assim como Doria, o benefício a idosos

3.nov.2016
Em entrevista à Folha, o diretor financeiro do Metrô, José Carlos Nascimento, afirma que teme uma fuga de usuários em caso de congelamento nas tarifas de ônibus

30.dez.2016
Em conjunto, Alckmin e Doria anunciam congelamento das tarifas comuns em R$ 3,80 e reajuste acima da inflação nas integrações e nos bilhetes mensal e diário, a partir de 8.jan

6.jan.2017
Justiça suspende liminarmente os reajustes após pedido da bancada do PT na Assembleia Legislativa; a decisão afirma que as pessoas que moram em locais mais distantes seriam mais prejudicadas. Oficial de justiça tenta entregar notificação a Alckmin às 17h20, mas não consegue, porque o governador não estava

8.jan.2017
Governo faz os reajustes previstos e, mesmo dizendo não ter sido notificado da liminar, entra com recurso no Tribunal de Justiça para derrubar a decisão

10.jan.2017
Quatro dias após a liminar da Justiça, governador é notificado. TJ nega recurso de Alckmin e mantém a decisão de primeira instância, afirmando que "a redução do desconto [...] não foi devidamente justificada". Estado e prefeitura declaram que tarifas voltariam aos valores de 2016 no dia seguinte

8.abr.2017
Superior Tribunal de Justiça decide a favor do governo de SP e libera os reajustes dos bilhetes. Alckmin, porém, ainda não havia decidido se colocaria medida em prática

10.abr.2017
Alckmin e Doria decidem reajustar tarifas a partir do dia 15

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EVOLUÇÃO DOS SUBSÍDIOS - Repasses da prefeitura e governo de SP a empresas de transporte, em R$ milhões*


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