Folha de S. Paulo


Câmara Municipal abre seu plenário para seminário sobre extraterrestre

Danilo Verpa/Folhapress
Com aval do vereador Toninho Paiva (PR), Câmara realiza 'Seminário Científico sobre Extraterrestres do Nosso Passado
Com aval do vereador Toninho Paiva (PR), Câmara de São Paulo realiza seminário sobre extraterrestres

ETs invadiram a Câmara Municipal de São Paulo no sábado (25). Não propriamente visitantes espaciais, mas ufólogos que promoveram no plenário o "Seminário Científico sobre Extraterrestres do Nosso Passado", a convite do vereador Toninho Paiva (PR).

"É preciso desatarraxar o parafuso da história, porque eles [alienígenas] efetivamente estão chegando", afirma o mestre de cerimônias Claudio Alba, 62, após a execução do Hino Nacional. A plateia ocupa as 55 poltronas azuis reservadas aos vereadores, mais boa parte das 150 cadeiras extras dispostas no espaço.

"A pergunta é se chegarão ou se voltarão", diz na fala seguinte Julio Acosta-Navarro, 52, da Academia Latino-Americana de Ufologia Científica, que organiza o evento.

Para discutir a vida lá fora, Navarro levou para dentro da Câmara Municipal cientistas para os quais a ufologia é uma ciência. "Uma ciência nobre, nova, que não se ensina nas faculdades", diz, enquanto, em um telão, são exibidas imagens de galáxias e de filmes sobre alienígenas.

Não é uma turma qualquer, diz à Folha, apresentando credenciais: é cardiologista doutorado pela USP/ com doutorado pela USP. Além da vida espacial, é conhecido por outra paixão, o vegetarianismo.

Outros palestrantes também detêm títulos acadêmicos, fora especialidades como "pesquisador de transcomunicação espiritual", "pós-graduação em psicologia energética corporal e consciência" e "ex-meteorologista sênior do Weather Channel nos EUA".

Navarro reclama que a ufologia "é vista de uma maneira preconceituosa, com muita fantasia, desconhecimento". Hollywood tem sua culpa no cartório, ao criar estereótipos do monstrinho verde em obras como "Marte Ataca!", diz –prefere os filmes "Contatos Imediatos de Terceiro Grau" ("diria que tem 70% de aproximação com a verdade"), "Contato" e "O Dia em que a Terra Parou" (mas o de 1951, não a versão de 2008 com Keanu Reeves, avisa).

"Na verdade, os fenômenos reais mesmo são muito mais extraordinários", afirma o ufólogo, que em fevereiro foi a Cusco (Peru) atrás de múmias que crê serem de ETs. Para Navarro, aliás, a chave para entender outros mundos pode estar no nosso passado.

Eram os deuses astronautas? Narrativas religiosas mostram que Maomé, Moisés e Jesus Cristo, por exemplo, podem ter sido "contatados autênticos". Hoje a Academia de Ufologia identifica 72 casos de contato com aliens, 25 deles com "alta probabilidade" de serem verdade. Infelizmente, diz Navarro, casos midiáticos são os mais sensacionalistas.

Os visitantes podem vir do próprio sistema solar ou de galáxias próximas. Os perfis diferem, segundo Navarro. Como nós, terrestres, que podemos ser um escocês de dois metros de altura ou um pigmeu da África. "Eles podem estar infiltrados, por serem fisicamente iguais [a humanos]. Há também relatos dos clássicos seres menores, ora mais morenos, ora mais brancos."

A comunicação também varia. Pode ser telepática e até em línguas humanas. Navarro relata o caso do gaúcho que conheceu um ET ignorante em português. Usaram o alemão.

O diálogo com o governo é um que precisa acontecer, diz Navarro. Ele celebra dois avanços: em 2015, pesquisadores falaram no Círculo Militar de SP, em 2016, na Assembleia Legislativa paulista –no mesmo ano, o deputado estadual Edmir Chedid (DEM) apresentou projeto para regulamentar a profissão de ufólogo.

"Em 2017 será o quê? O Congresso? A Presidência?"

O colega Claudio Alba agradece a porta aberta por Toninho Paiva, "um católico convicto" sem medo de "expandir as fronteiras". Esperado para a fala de abertura, o
vereador não foi ao evento.


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