Folha de S. Paulo


Sul de Florianópolis ganha turistas com natureza e menor badalação

Mesmo cercadas de verde e reconhecidas como as mais preservadas da cidade, as praias do sul de Florianópolis nunca foram o principal destino dos turistas na ilha de Santa Catarina. Mas este cenário tem mudado.

A 30 km do centro, em área residencial, faltam a essas praias o agito e o glamour de balneários famosos da outra ponta da cidade, o norte, como Canasvieiras, Ingleses e Jurerê Internacional.

Curiosamente, é este perfil rústico, que prioriza a natureza ante à badalação, que ano a ano tem elevado o número de turistas no sul da ilha.

O fluxo crescente de visitantes é percebido há pelo menos cinco anos por quem vive e trabalha na região.

Divulgação/Secretaria de Turismo de Florianópolis
Com mar de água limpa e com mais ondas, as praia da Armação, mesmo com estruturas rústicas, têm atraído turistas
Com mar de água limpa, praia de Armação, mesmo com estruturas rústicas, atrai turistas

"Nosso mar é mais frio e tem mais ondas que o mar do norte da ilha. Mas aqui a água é limpa e a natureza tem mais vez, por isso o pessoal está vindo", diz Eduardo Pacheco, gestor de um restaurante na praia do Campeche, uma das mais visitadas do local.

As praias do sul da ilha não têm calçadão, baladas na orla e passatempos como shoppings. A maioria delas, como Armação e Pântano do Sul, tem acessos asfaltados.

Mas há praias só acessadas de barco ou por trilhas, como Naufragados e Lagoinha do Leste, onde não há ambulantes e não se ouve sons urbanos, como barulho de carros.

"Os turistas que vêm ao sul da ilha procuram natureza e sossego", diz Graziela Sagaz, dona de uma pousada na praia do Pântano do Sul.

A região também tem ilhas visitáveis, como a do Campeche, a dez minutos de barco da praia, e recantos de água doce, como a Lagoa do Peri, muito frequentada por famílias com crianças.

BANHO DE MAR

Na temporada deste ano, segundo comerciantes, o fluxo de turistas no sul da ilha foi maior do que na anterior.

Um dos principais motivos para o movimento é a qualidade da água na região.

O mar limpo atrai turistas que antes se limitavam ao norte da ilha, onde os índices de poluição são maiores.

Na temporada passada, a praia de Canasvieiras, a mais procurada da região norte, chegou a ser totalmente interditada para banho por causa da poluição. O episódio frustrou milhares de turistas.

Prefeitura e Casan (Companhia Catarinense de Água e Saneamento) dizem estar combatendo ligações clandestinas de esgoto, que poluem o mar, mas ainda perdura um clima de desconfiança.

Outro motivo para o movimento acima do normal no sul da ilha são os preços praticados nas praias do norte.

Por causa do perfil turístico, a lata de cerveja pode custar R$ 8 no norte, ante R$ 5 no sul. O preço do prato executivo pode baixar de R$ 25 para R$ 15 de uma região a outra.

"Para muita gente pode parecer pouca coisa. Mas em ano de crise todo centavo faz diferença", diz Eduardo Sandrini, atendente de um bar no sul.

DIVULGAÇÃO

Apesar de o aspecto rústico ser o principal atrativo do sul da ilha, quem visita a região costuma queixar-se da infraestrutura de hospedagem, serviços e transporte.

Lucas Madalosso, vice-presidente do Secovi (sindicato de empresas de administração de imóveis), diz que o sul da ilha se consolidaria na rota turística se houvesse mais divulgação.
"Grande parte dos turistas nem cogita a opção de ficar no sul da ilha por simples falta de informação."

A Prefeitura de Florianópolis afirma que o sul da ilha aparece em todos os materiais de divulgação da cidade e promete para este ano inaugurar um elevado na região para melhorar o acesso.

Mas, para muitos moradores, quanto menos divulgação, melhor. Eles acreditam que uma invasão de turistas poluiria as praias locais, uma vez que a região tem sistemas rudimentares de esgoto, que poderiam entrar em colapso.


Endereço da página: