Folha de S. Paulo


Ministério da Saúde lança meta para deter avanço da obesidade até 2019

Tony Alter/Flickr
Ministério da Saúde lança meta para deter avanço da obesidade no país até 2019
Ministério da Saúde lança meta para deter avanço da obesidade no país até 2019

Em meio ao crescimento dos índices de obesidade no país, o Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (14) três metas para tentar reduzir o número de brasileiros com excesso de peso até 2019.

A ideia é que, em dois anos, o país consiga deter o crescimento da obesidade na população adulta, reduzir em 30% o consumo regular de refrigerantes e de suco artificial e aumentar, em pelo menos 17,8%, o percentual de adultos que consomem frutas e verduras regularmente.

As três metas foram apresentadas em encontro realizado nesta terça na sede regional da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), em Brasília, com representantes de outros países da América Latina.As medidas fazem parte da chamada Década de Ação das Nações Unidas para a Nutrição, da ONU, acordo que prevê que haja incentivo dos países à alimentação saudável.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, de 2013, mostram que mais da metade dos brasileiros, ou 56,9%, está acima do peso ideal. O alerta ocorre quando o IMC (índice de massa corporal), calculado com base no peso e altura, é maior ou igual a 25 kg/m².

Mesmo padrão é verificado quando observados apenas os índices de obesidade –quando o índice é superior a 30 kg/m2. De acordo com a pesquisa, 20,8% dos brasileiros são obesos.

Em geral, a obesidade aumenta o risco de doenças cardíacas, hipertensão e diabetes, daí a tentativa de tentar frear o crescimento desses indicadores no país.

Em 2015, dados de outro estudo do Ministério da Saúde, o Vigitel, que é realizado apenas com adultos das capitais do país, apontou crescimento de 60% no índice de obesidade entre 2006 e 2015.

Para especialistas, o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, somado à falta de exercícios físicos, além do baixo estímulo à educação alimentar, entre outros fatores, colaboram para o aumento da obesidade.

"O problema no mundo não está mais em combater a fome, mas em combater também a má nutrição da qual deriva a obesidade", afirmou no evento o diretor do Centro de Excelência do Programa Mundial Contra a Fome, Daniel Balaban.

AÇÕES

Questionado sobre como garantir que as metas sejam atingidas, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que a pasta negocia um plano, em parceria com o Ministério da Educação, para tentar estimular a educação alimentar nas escolas, por meio de matérias extracurriculares.

"É preciso ensinar a população a descascar mais e a desembalar menos", afirmou. "Hoje as mães não ficam em casa, e as crianças não têm oportunidade, como tinham antigamente, de acompanhar a mãe nas tarefas diárias de preparação dos alimentos. E vai ficando cada vez mais distante a capacidade de pegar um alimento natural e saber consumi-lo", disse.

Em outras ações, o Ministério também planeja lançar aplicativos para ajudar a população a escolher os alimentos e a adotar hábitos mais saudáveis, afirma. "São aplicativos de acompanhamento da saúde, atividade física e consumo de calorias."

A pasta também finaliza um acordo com a indústria para que haja redução na quantidade de açúcar nos alimentos processados, modelo semelhante ao já realizado nos últimos anos para redução de sódio.

Segundo Barros, o governo também pretende apoiar mudanças na rotulagem dos alimentos. A ideia,já em estudo na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é fazer com que dados da quantidade de sal, açúcar e gordura estejam em destaque na parte da frente dos rótulos -padrão semelhante ao adotado hoje no Chile, por exemplo.


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