Folha de S. Paulo


São Paulo acorda com as ruas sujas, e Doria admite problemas no Carnaval

Juliana Gragnani-18.fev.2017/Folhapress
Após término do último show do largo da Batata, foliões deixando rastro de lixo para trás

Muito lixo espalhado pelas ruas, confusão em acessos ao metrô, falta de orientação para motoristas que ficaram presos no trânsito e mudança de última hora sobre locais de dispersão dos blocos foram alguns dos problemas do fim de semana de pré-Carnaval na capital paulista, principalmente na zona oeste.

Na manhã deste domingo (19), o prefeito João Doria (PSDB) admitiu que houve falhas na organização dos eventos de sábado (18). Por volta das 22h45, vestiu-se de gari para fiscalizar a varrição e coleta de lixo na região do largo da Batata, na zona oeste.

"Corrigir o que falhamos ontem para fazer melhor hoje", afirmou ele, que recebeu gritos de apoio de quem passava pelo local.

O prefeito prometeu colocar lixeiras de 400 litros em todas as esquinas com concentração de foliões. A Inova, empresa responsável pela limpeza, porém, diz que não há caçamba desse tamanho –o recipiente a que Doria se referiu tem mil litros. A reportagem constatou apenas lixeiras de 50 litros na região.

O largo da Batata foi escolhido para atrair a dispersão da Vila Madalena, mas acabou abraçando o caos conhecido de carnavais passados do bairro.

Doria disse que chegou do Oriente Médio às 21h de sábado (18) já sabendo dos problemas e afirmou que o público registrado representa o triplo do esperado –a expectativa era de 250 mil pessoas, mas a estimativa chegou a 750 mil.

"É nossa responsabilidade assumir aquilo que não foi bem", disse. "A limpeza tem que ser eficiente, mais rápida e com mais gente."

Houve problemas tanto no transporte municipal (ônibus não conseguiam chegar aos pontos, e faltou informação de mudança de itinerário) quanto estadual (houve acúmulo de pessoas nas estações de metrô perto dos blocos e interdições temporárias).

Doria pediu ajuda aos secretários de Transporte das duas esferas e à Polícia Militar para melhorar a organização. Segundo ele, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) teria que triplicar o número de agentes nas ruas.

No sábado, carros estavam desorientados na região do largo da Batata, alguns andavam até na contramão, e motoristas reclamavam da falta de sinalização.

A psicóloga Nadia dos Anjos, 61, pedia ajuda para foliões para sair da região. "Não tem quem me ajude, não tem orientações, policiais, nada. Estou com uma senhora de 90 anos", dizia.

Apesar da promessa feita de manhã, à tarde motoristas e foliões dividiam o mesmo espaço na avenida Faria Lima.

Doria disse que não houve despreparo. "Houve preparação inferior ao que deveria ter sido. Falhamos, deveríamos ter previsto mais público."

Outro problema com a estratégia de dispersão da gestão ocorreu na praça Roosevelt, no centro. Proibido como ponto de concentração e dispersão, o local acabou recebendo foliões do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta.

O bloco atrasou e não conseguiu chegar a tempo à avenida São Luís, que deveria receber a dispersão. Terminou às 22h20 a poucos metros da praça, em frente à igreja da Consolação.

BLOQUEIOS

A CET informou em nota que, em função dos blocos, realizou desvios, bloqueios e monitoramento em diversas regiões, além do redirecionamento de linhas de ônibus. Agentes foram às ruas para orientar passageiros de ônibus, motoristas e foliões.

A ViaQuatro, responsável pela linha 4-amarela, disse que fechou alguns acessos às estações Fradique Coutinho e Faria Lima no sábado para controlar o fluxo.

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