Folha de S. Paulo


A uma semana do Carnaval, blocos de rua agitam a região central de SP

Gabriely Araujo/Folhapress
Foliões se reúnem na rua General Jardim na concentração do bloco
Foliões se reúnem na rua General Jardim na concentração do bloco "Nega Fulô e o Palhaço Bebum"

A apenas uma semana do Carnaval, os blocos de rua movimentam a capital paulista. Apenas nesta sexta (17), são esperados nove em toda a cidade, sendo seis na região central.

Apesar do grande número de foliões, as ruas próximas à praça da República, no centro da cidade, foram tomadas por vendedores de bebidas credenciados para o Carnaval, que disputavam as vendas. Banheiros químicos foram instalados na praça e também na avenida São Luiz.

O bloco "Nega Fulô e o Palhaço Bebum" participa do Carnaval paulistano pelo segundo ano, tocando MPB e marchinhas tradicionais.

Ele foi criado por dois amigos que pularam em muitos carnavais pelo Brasil, como Salvador, São Luiz do Paraitinga, no interior de SP, e Rio de Janeiro, com o "Bloco do Barbosa", "Maricota", "Funil" e "Bagalafumenga".

Em 2016, o cortejo começou na rua Augusta, e este ano os organizadores fecharam um quarteirão que abrange as ruas General Jardim e Bento Freitas, na República, centro de São Paulo.

O lema do bloco é "Minha carne é de Carnaval e meu coração é igual", em alusão a uma música da banda Novos Baianos.

"Sempre viajávamos no Carnaval, em uma conversa de boteco resolvermos criar o bloco, somos foliões natos", disse Ana Paula Silva, uma das criadoras e madrinha do bloco, fantasiada de Nega Fulô.

A concentração começou às 17h na rua General Jardim, centro de São Paulo. Já o percurso, que começa às 21h, passará pelas rua Bento Freitas, rua Araújo a praça da República, retornando depois para a General Jardim.

Leandro Berlanca, 24, participou do cortejo do ano passado e resolveu ir novamente ao "Nega Fulô". Ele conta que já foi em blocos na Vila Madalena e no Casa Comigo em 2016.

"Foi mais do que esperava, fechamos a rua Augusta", conta o folião sobre o último desfile do bloco. Para este ano ele disse que há a mesma animação. "O Carnaval de São Paulo melhorou muito. O povo brasileiro e o povo paulistano são sensacionais".

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Também na região central, o bloco Será que el_ é? leva marchinhas tradicionais, como "Cabeleira do Zezé", e muita música eletrônica, ao largo do Arouche.

O título do bloco, criado pelo Museu da Diversidade Sexual, que fica dentro do metrô República, faz referência à famosa marchinha "Será que ele é", sucesso dos bailes de Carnaval desde os anos 1960.

Segundo a organização do bloco, embora o tom jocoso do nome dessas marchinhas possa parecer politicamente incorreto e seja muitas vezes cantada acompanhada de um coro entoando uma palavra ofensiva no final de suas estrofes, o mesmo termo foi incorporado pela comunidade LGBT e requalificado, sendo utilizado nos bailes, blocos e ruas como grito de empoderamento.

"A comunidade se apropria quando ela grita, em alto em bom som, o termo "bixa" como forma de afirmação. Tentamos discutir a história da origem do Carnaval, onde as pessoas podiam usar esse espaço para sair do armário e de como a comunidade construiu o Carnaval", afirma Franco Reinaudo, diretor do Museu da Diversidade.

A concentração do Será que el_ é? começou às 18h na rua do Arouche, já a saída dos foliões começa às 20h. Entre os foliões estavam drag queens e simpatizantes.

Uma das convidadas do bloco foi Rita Cadillac, que já havia sido rainha de outro bloco da comunidade LGBT em 2016. Rita destacou a importância de discutir a diversidade no Carnaval. "Eu sou de todos os sexos", afirmou.

O roteiro passa pela rua Vieira de Carvalho, praça da República, avenida São Luís, praça Ramos o Teatro Municipal e a avenida São João, locais considerados de grande importância para a comunidade LGBT em São Paulo.

O nome do bloco é o mesmo de uma exposição que será lançada neste sábado (18), no Museu dá Diversidade, que apresentará entre outras histórias, qual a origem da primeira escola de samba LGBT de São Paulo e a diferença entre cantar termos de marchinhas de Carnaval, como "Cabeleira do Zezé", como ofensa ou como grito de empoderamento.


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