Folha de S. Paulo


Governo investiga atuação de PMs em ataques a ônibus no ES

O secretário da Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, anunciou nesta terça-feira (14) que a força-tarefa que atua no Estado irá investigar os crimes contra coletivos na Grande Vitória, quando dois ônibus foram incendiados nesta segunda (13).

Para Garcia, uma pequena parcela do movimento percebeu que a ação está perdendo força e decidiram radicalizar. O secretário afirmou que há um grupo formado pela inteligência das Forças Armadas, da Polícia Civil e da Polícia Federal que está investigando esses fatos isolados que, segundo ele, tem uma característica singular que chama muita atenção.

"Muito embora esse movimento esteja perdendo força e quase minguando, temos um pequeno grupo que quer radicalizar e estão causando transtornos a ordem pública", disse Garcia.

O secretário afirmou ainda que a força-tarefa está investigando se atentados cometidos ao transporte coletivo tem alguma ligação com este movimento. "Algumas pessoas estavam apostando em tornar a população refém desta situação e agora estão se desesperando. Um grupo radicalizado tenta desesperadamente, com ameaças, mostrar para a sociedade que o movimento ainda tem força. Quem se beneficia do pânico, quer gerar pânico", afirmou.

Além dos coletivos queimados, a força-tarefa investiga um assalto no Convento da Penha na tarde desta segunda (13), quando dois bandidos renderam e amarraram o frei Pedro Engel, 80, durante a ação.

Engel é um dos responsáveis por cuidar do convento –um dos principais pontos turísticos e históricos do Espírito Santo–, e foi levado para o hospital, com ferimentos leves, além de ter tido o dinheiro ofertado pelos fiéis roubado. Garcia também disse que outros crimes com suspeitas de participação de policiais serão investigados.

"Farei uma visita ao frei Pedro em solidariedade e também para dizer a ele que estamos investigando esta ação suspeita com muito vigor. Vamos fazer também um pente fino em relação a todos os homicídios. Há mais de 30 denúncias na ouvidoria nacional dos direitos humanos de crimes cometidos por policiais nesse período. Se houver participação de militares ou até mesmo de milícias, elas serão combatidas", explicou.

André Garcia também contou que a folha de pagamento da PM deste mês foi suspensa e que serão feitos cortes nos salários dos policiais que não estiverem trabalhando. Ele também disse que os militares que estiverem na lista dos nomes com processos administrativos abertos pelo Estado, estão automaticamente afastados do trabalho.

"Nós não podemos abrir mão da autoridade. O Estado não pode abrir mão disso. Defendemos os interesses da sociedade e ela não pode ficar refém. Não é a forma adequada", disse Garcia. Segundo ele, o governo está investigando e quem enfrentar a sociedade e o Estado terá uma resposta da lei.

"É uma sequência de ações que tem um princípio básico que é o de reestabelecer a ordem pública, a hierarquia e a disciplina, o que foi perdido de forma muito contundente nestes dias. Não vamos tolerar isto. Vamos conversar com quem quer conversar e radicalizar com quem quer radicalizar. E quero agradecer aos policiais que estão voltando ao trabalho", completou.


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