Desde que Luizinho sofreu uma queda no fim do ano passado e deixou de cumprir expediente diário no bar Léo, todo mundo que vai à tradicional casa boêmia no centro da capital paulista pergunta pelo famoso garçom.
Não à toa. Seu Luiz de Oliveira trabalhou lá por mais de meio século e só parou quando já passava dos 96, ostentando o título de garçom mais velho de São Paulo e se tornando atração turística.
Personagem símbolo do bar, recusava-se a servir canapé (especialidade da casa) sem mostarda e chopp sem colarinho –"não é chopp", cravava o garçom, que calculava já ter servido mais de meio milhão de copos da bebida nessas cinco décadas.
Nascido em São Pedro, interior de SP, trabalhou na antiga lanchonete Salada Paulista, na República, onde hoje funciona um McDonald's. Frequentava o local Jânio Quadros e, certa vez, em 1961, contava seu Luiz, o então presidente chegou lá acompanhado de Che Guevara, quando o revolucionário argentino veio ao Brasil.
Além do político e do comunista, o garçom orgulhava-se de ter servido grandes nomes da música, como Orlando Silva e Antônio Marcos.
Seu Luiz morou até o fim da vida com uma das irmãs e nunca se casou –"mas mulher sempre tem, né?", disse em entrevista à Folha quando completou 90 anos.
Na última sexta (10), o bar Léo não abriu, em homenagem ao velho garçom que morrera um dia antes, aos 96, de falência nos rins. Deixa duas irmãs e dois sobrinhos.
Mais de uma centena de clientes prestou condolências nas redes sociais do bar.
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