Folha de S. Paulo


Com Exército nas ruas, movimento de familiares de PMs segue no ES

Carolina Linhares/Folhapress
Agentes da Polícia Federal na entrada do aeroporto em Vitória. Com a PM fora das ruas, eles fazem a segurança fortemente armados.Carolina Linhares/Folhapress
Agentes da Polícia Federal na entrada do aeroporto em Vitória

Caminhões do Exército já podiam ser vistos circulando na noite desta segunda-feira (6) em Vitória. Os militares assumiram o policiamento no Espírito Santo, onde um movimento de familiares de policiais militares impede que as viaturas saiam dos batalhões.

No quartel do comando-geral na capital capixaba, cerca de 20 familiares —entre mulheres, mães e amigos— de policiais estavam reunidos em uma barraca em frente ao portão.

O grupo afirmou à Folha que irá passar a noite ali, como vem fazendo desde sábado (4) pela manhã. Há no local uma espécie de cozinha e, segundo as mulheres, doações de comida são feitas por vizinhos e simpatizantes do movimento.

"O protesto surgiu da necessidade de que os policiais ganhem um salário melhor", disse uma das mulheres. "Como eles não podem fazer greve, nós organizamos o movimento."

A Constituição proíbe que policiais militares entrem em greve. Segundo o grupo, o movimento foi organizado através de ligações entre os familiares e das redes sociais. Os familiares fizeram questão de ressaltar que o movimento não tem o apoio das associações de policiais militares.

Uma decisão do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, no entanto, considerou o movimento como uma "greve branca" ou "velada" dos policiais e determinou uma multa de R$ 100 mil para cada associação por cada dia sem policiamento.

Apesar da decisão, os familiares afirmam que irão manter o movimento. O governo, por outro lado, só aceita conversar quando o policiamento for retomado. No aeroporto, desde as 18h, quando termina o expediente da Polícia Civil no local, agentes da Polícia Federal realizam a segurança fortemente armados.

PM DO ESPÍRITO SANTO - Corporação está em greve desde sexta-feira

Algumas lojas contrataram seguranças particulares para evitar arrombamentos e saques. Identificados com coletes, eles vigiavam na calçada durante a noite.

O governo federal enviou nesta segunda-feira (6) militares das Forças Armadas e 200 soldados da Força Nacional ao Espírito Santo como reforço, para tentar ajudar a conter a onda de violência no Estado. As tropas chegaram à capital Vitória no início da noite.

Desde sábado, cidades do Espírito Santo vivem um clima de tensão, com arrastões, assaltos e roubo a lojas. O número de mortes em três dias chegou a mais de 50. No ano passado, a média de homicídios por mês ficou em 98.


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