Folha de S. Paulo


Gestão Alckmin começa a cobrar para estacionar no parque Villa-Lobos

Rivaldo Gomes/Folhapress
Boxes de venda de alimentos fechados no Parque Villa-Lobos, em Pinheiros
Boxes de venda de alimentos fechados no Parque Villa-Lobos, em Pinheiros

Os parques Villa-Lobos e Cândido Portinari, em Pinheiros (zona oeste), ambos sob responsabilidade da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), começaram a cobrar ontem pelo estacionamento de veículos nas mais de 1.700 vagas em cinco bolsões.

Segundo tabela divulgada na entrada, os carros pagam R$ 5 por até duas horas e R$ 10 por até 12 horas. As motos pagam R$ 2,50 por até duas horas e R$ 5 por até 12 horas. Ônibus vão ter que pagar R$ 20 para até duas horas e R$ 30 para até 12 horas. A cobrança é feita pela Maxipark, que ganhou a licitação para administrar o estacionamento.

Frequentadores criticaram a medida. O consultor financeiro Ricardo dos Santos Aguilar, 43 anos, classificou a cobrança como "absurda", principalmente porque não traz nenhum benefício aos motoristas. "Não tem nenhuma área coberta", diz.

Ele disse que vai todos os dias da semana para malhar no parque. Porém, com a cobrança do estacionamento, não sabe se vai continuar. "Se eu vier aqui todos os dias úteis do mês, vou gastar R$ 110. Esse é o preço de uma academia", afirmou.

A cobrança do estacionamento também não agradou aos donos dos food trucks nos parques. Eles dizem que o movimento deve cair. "Uma família não vem ao parque para passar duas horas. Vem para passar o dia. Agora, some o gasto do estacionamento com o aluguel da bicicleta e um lanche. Eles vão para outro lugar", afirmou um comerciante que preferiu não se identificar.

BOXES

Os food trucks pagam R$ 6.000 por mês ao Estado.

Segundo comerciantes, eles substituem os boxes que vendiam lanches na entrada do parque, na avenida Professor Fonseca Rodrigues, cujos contratos venceram e não foram renovados.

Ontem, por volta das 12h, havia lixo não recolhido e sujeira no entorno dos boxes. Contêineres estavam com o lixo transbordando.

Funcionários não souberam dizer por que o serviço não foi feito.

CUIDAR DAS ÁREAS

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente, do governo Geraldo Alckmin (PSDB), disse em nota que pretende aumentar a segurança e melhorar o atendimento aos usuários dos parques Villa-Lobos e Cândido Portinari, além de gerar receita. O novo serviço terá monitoramento 24 horas.

A Maxipark, que ganhou licitação para explorar o estacionamento até 2018, vai pagar R$ 125,8 mil por mês ao Estado. A grana será usada para melhorar a infraestrutura dos parques, segundo a nota do governo.

O parques recebem cerca de 312 mil visitantes mensais. Nos dias úteis, cerca de 250 veículos usam o estacionamento; nos fins de semana e feriados, 1.600. A secretaria disse que o lixo se deve à "grande movimentação" no fim de semana e é recolhido no início da semana.

PARA GENTE RICA

Frequentadores dos parques Villa-Lobos e Cândido Portinari criticaram a cobrança do estacionamento.

A dona de casa Paula Garrido, 30 anos, afirmou que o Villa-Lobos não é um parque "fácil para ir a pé" devido à sua localização e pouca oferta de transporte público. "Só quem mora aqui perto do parque, que é gente rica, pode vir a pé", afirmou ela, que só soube da cobrança ontem, ao chegar ao parque com o marido, o fotógrafo Felipe Sucupira, 33 anos.

Para ele, aumento foi desrespeitoso porque não houve diálogo com a população que usa o parque. "O governo decide e acabou. Acho que houve falta de comunicação", afirmou.

A engenheira Laís Escórcio Correia, 22 anos, também não sabia da cobrança do estacionamento e foi pega de surpresa ontem ao chegar ao parque. "Achei péssimo a cobrança. Se eu soubesse eu não viria", disse.


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