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Grátis, banheiro químico doado a Doria tem segurança contra casais

Danilo Verpa/Folhapress
Banheiro da prefeitura instalado na praça Dom José Gaspar, no centro de São Paulo
Banheiro da prefeitura instalado na praça Dom José Gaspar, no centro de São Paulo

É uma necessidade universal, mas alguns têm mais que outros. O cobrador Alexandre de Souza, 46, por exemplo, vai mais de dez vezes por dia. Toma remédio para hipertensão, o que acelera a bexiga e aí, do nada, a vontade vem.

Alexandre percorre o centro todos os dias para fazer cobranças. Agora, para seu alívio, usa um dos dois banheiros que o prefeito João Doria (PSDB) instalou em dois pontos na região. No início da tarde de segunda-feira (30) já havia usado seis vezes.

Ele poderia frequentar o outro equipamento, instalado no largo do Arouche, mas o banheiro teve falhas e foi retirado nesta quarta-feira (1º) por funcionários da empresa que o cedeu.

A prefeitura diz que o período de testes era de só uma semana, apesar da instalação que precisou de remendos na rede de esgoto e de uma central de energia elétrica. Haverá outro banheiro ali, mas ainda há uma data, diz a gestão Doria.

Leandro Machado/Folhapress
Ponto onde ficava o banheiro, na praça D. José Gaspar, na região central, após a remoção do equipamento
Ponto onde ficava o banheiro, na praça Dom José Gaspar, após a remoção do equipamento

Antes, quando precisava urinar na rua, o cobrador Alexandre procurava um bar, padaria, MC Donald's. "Ou Habib's", diz. Ele gostou do banheiro de Doria na praça Dom José Gaspar –esse tem um período de testes de três meses. "É de inox e tem ar-condicionado", diz Alexandre.

Instalado há uma semana, o equipamento na praça, gratuito, funcionou bem nas visitas da Folha. Havia água e até papel higiênico, raridades em banheiros químicos.

Também estava limpo. A Peebox, empresa que cedeu o equipamento, colocou dois funcionários para limpá-lo a cada três horas –cerca de 300 pessoas usam o banheiro por dia. "O problema é que os homens sempre mijam no chão", diz Barbara Teixeira, 20, que faz a limpeza.

Ela também tem de impedir a entrada de casais: eles podem estar interessados em algo a mais do que sanar necessidades fisiológica. "Até agora, graças a Deus, nenhum casal tentou", diz Barbara.

O banheiro também chama a atenção de quem passa pela praça. Muitos olham e vão embora sem usar. "Importante que se mantenha assim, limpo e gratuito", diz a arquiteta Mônica Duran, 49.

Segundo a Peebox, ele é "anti-vandalismo", pois todo o banheiro é de aço inox e não há vidros. A empresa não comentou quanto custou a instalação do modelo para ela.

Na entrada, há uma rampa para cadeirantes sem piso antiderrapante, defeito que pode causar acidentes.

O equipamento também fica fechado depois das 23h. Com isso, algumas pessoas acabam fazendo as necessidades ao lado do banheiro, piorando o cheiro na praça.


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