Folha de S. Paulo


Saiba mais sobre a febre amarela e veja como se proteger da doença

A febre amarela, que vive seu maior surto no Brasil desde os registros mais antigos do Ministério da Saúde, de 1980, tem se espalhado pelo país e causado uma corrida a postos de vacinação.

Abaixo, entenda o que causa a doença, quais são os seus sintomas e o que fazer para evitá-la. Ao final, há também perguntas e respostas sobre a vacina.

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Ciclos de transmissão

Ciclos

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Sintomas

Sintomas da febre

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Prevenção

Vacinação
- Crianças: a partir dos 9 meses (6 meses em áreas de risco)
- Adultos não vacinados: uma dose

Gif - Vacinação da Febre amarela - Evolução nos últimos anos

Para evitar picadas
- Repelente (evitar os que também têm protetor solar)
- Aplicar o protetor antes do repelente
- Não usar repelentes em crianças com menos de 2 meses
- Evitar perfume em áreas de mata
- Roupas compridas e claras (ou com permetrina)
- Mosqueteiros e telas

Controle do mosquito
- Evitar água parada e tomar os mesmos cuidados da dengue, porque há risco de a doença ser contraída pelo Aedes aegypti (o que não acontece no Brasil desde 1942)

Distância de áreas de risco
- Evitar áreas de mata com registros da doença; caso vá viajar a esses locais, tome a vacina ao menos dez dias antes

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Tratamento

- É apenas sintomático, com antitérmicos e analgésicos (anti-inflamatórios e salicilatos como AAS não devem ser usados)
- Hospitalização quando necessário, com reposição de líquidos e perdas sanguíneas
- Uso de tela, por exemplo, para evitar o contato do doente com mosquitos

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Avanço da febre

MAIOR SURTO DA SÉRIE HISTÓRICA - Evolução dos casos de febre amarela confirmados no Brasil

FEBRE AMARELA EM 2017 - Por local provável de infecção

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Perguntas e respostas

1. Qual é o ciclo da febre amarela?
O período de incubação varia entre 3 e 6 dias, em média, e o vírus fica no corpo humano por no máximo 7 dias (os sintomas só aparecem de 1 a 2 dias depois).

2. Como me prevenir?
A vacina é a principal forma de prevenção e controle.

3. Quem deve se vacinar?
Pessoas que moram ou vão viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata dentro das áreas de risco, no Brasil ou no exterior –a imunização deve ser feita dez dias antes da viagem. Quem não se encaixa nesses casos não precisa buscar a vacina neste momento.

4. Se eu for a áreas de risco, quantas doses tenho que tomar?
Uma dose, segundo recomendação do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial de Saúde). No caso das crianças, a partir de nove meses de idade (seis meses para as que vivem em áreas de risco).

5. As crianças podem receber a vacina da febre amarela junto com outras vacinas?
Sim, exceto com a tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) ou a tetra viral (contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Se a criança não recebeu nenhuma das três e for atualizar a vacinação, ela deve tomar a de febre amarela e agendar a tríplice ou a tetra para 30 dias depois.

6. Moro numa região de risco. Posso tomar uma segunda dose para reforçar a proteção?
Uma dose extra não fará diferença; em abril, o Ministério da Saúde passou a reconhecer que uma aplicação é suficiente para proteger durante toda a vida –a OMS já seguia esse padrão desde 2014.

7. Perdi meu cartão de vacinação e não sei se tomei a vacina. O que fazer?
Procure o serviço de saúde que costuma frequentar e tente resgatar seu histórico. Caso não seja possível, a recomendação é fazer a vacinação normalmente.

8. Quem não pode tomar a vacina?
Gestantes, bebês com menos de 6 meses (e mulheres que amamentam crianças até essa idade), alérgicos a ovo e imunodeprimidos por doenças como câncer e Aids ou por tratamentos, como radioterapia.

Pessoas com doenças autoimunes devem ser avaliadas caso a caso. Em situações emergenciais, a vacinação também deve ser analisada por um médico.

9. O que essas pessoas devem fazer?
Procurar orientação médica. Em caso de não ter como evitar a permanência em áreas silvestres, é recomendado reforçar o uso de repelentes.

10. E idosos, podem ser vacinados?
Testes mostram que pessoas com mais de 60 anos têm maior risco de sofrer efeitos colaterais graves na primeira vacinação. Por isso, é melhor procurar um médico antes de se vacinar.

11. Já tive febre amarela, preciso me vacinar?
A infecção provoca imunidade bastante duradoura.

12. Onde encontro a vacina?
Nas unidades públicas de saúde a dose é gratuita; na rede privada, chega a cerca de R$ 250. O crescente número de casos da doença, porém, provocou uma corrida aos postos no início do ano e fez com que ela ficasse em falta em alguns locais. O Ministério da Saúde chegou a enviar lotes extras ao Estados.

13. A vacina é 100% eficiente? É segura?
A eficácia chega a 90% e ela é bastante segura. Pode causar reações adversas, como qualquer medicamento, mas casos graves são raros. Dores no corpo, de cabeça e febre podem afetar entre 2% e 5% dos vacinados.

14. Quais países pedem o certificado da vacina a brasileiros?
São 132 ao todo, a maioria na África e na parte menos desenvolvida da Ásia. Entre os destinos mais procurados estão África do Sul, Austrália, Bolívia, Bahamas, China, Equador, Egito, Índia, Indonésia, Paraguai e Tailândia. A lista completa é divulgada anualmente no site da OMS.

15. Está havendo um surto neste ano?
No início do ano o ministro Ricardo Barros evitou comentar a possibilidade de surto, mas admitiu que a situação gerava alerta. Alguns especialistas, como o infectologista Artur Timerman, da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, discordaram: "Segundo a OMS, um caso laboratorialmente confirmado de febre amarela já é considerado um surto."

16. O que pode ter feito com que o número de casos da doença aumentasse tanto neste ano?
Entre os fatores está a época do ano: em geral, o período de dezembro a maio é o de maior risco de transmissão, tanto pelas chuvas quanto pela época de viagens. Outro elemento que preocupa é a elevada infestação de Aedes aegypti no país, mosquito que pode transmitir o vírus caso ele volte à área urbana.

17. O que aconteceu no verão de 2007/2008?
Após casos de febre amarela em Goiás, com intensa cobertura da imprensa, houve uma corrida pela vacinação em todo o país. Como resultado, ocorreram seis mortes por reação grave à vacina –um número alto em relação à série histórica e relacionado, muito provavelmente, à quantidade de doses aplicadas em curto período.

Fontes: Ministério da Saúde, OMS (Organização Mundial da Saúde), Sociedade Brasileira de Infectologia e o virologista Pedro Vasconcelos, diretor do laboratório Instituto Evandro Chagas


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