Folha de S. Paulo


Febre amarela gera corrida a postos e provoca falta de vacina em São Paulo

Mastrangelo Reino-10.nov.2016/Folhapress
Técnico manipula vacina contra a febre amarela em Ribeirão Preto (SP)
Técnico manipula vacina contra a febre amarela em Ribeirão Preto (SP)

O surto de febre amarela em Minas Gerais e a confirmação de três mortes causadas pela doença no Estado de São Paulo provocaram corrida aos postos de saúde da capital em busca de vacinas, que se esgotaram em unidades das zonas central, oeste e leste.

Unidades básicas administradas pela prefeitura que são referência para a vacinação em regiões como Lapa, Pinheiros (oeste), Mooca (leste) e República (centro) não dispunham das doses nesta terça-feira (24), conforme constatou a Folha.

As vacinas –gratuitas na rede pública– também se esgotaram em clínicas particulares da cidade após o aumento da procura, segundo atendentes de duas delas, nas regiões dos Jardins e Perdizes (zona oeste). Nelas, o preço chega a R$ 247.

A busca pelos postos ocorre mesmo após orientações do Ministério da Saúde para evitar alarmismos.

FEBRE AMARELA - Casos notificados e confirmados da doença em 2017

A recomendação do ministério e da Secretaria Estadual de Saúde diz que deve tomar a vacina quem for viajar para as áreas consideradas de risco –aquelas em que já houve casos da doença ao longo dos anos.

No caso de crianças até cinco anos que residam em áreas de risco ou viajarão para essas regiões, a recomendação é uma dose da vacina aos nove meses de idade e outra dose de reforço aos quatro anos.

Para adultos que vão viajar, a recomendação é tomar vacina pelo menos dez dias antes da viagem, caso seja a primeira vez. Também deve tomar quem for viajar para o exterior, já que há países que exigem. Em 9 de 13 postos contatados pela Folha, atendentes disseram que a vacina tem acabado muito rapidamente por causa da intensa procura. Em seis deles, não havia mais estoque nesta terça.

A procura aumentou também no Instituto de Infectologia Emilio Ribas, referência na América Latina.

Com viagem marcada para a África do Sul em maio, a comerciante Jana Pirani, 44, e o marido dela, o administrador André Monteiro, 47, decidiram ir ao instituto para se vacinar.

"Diante do pânico das pessoas por causa das notícias, a gente já quis tomar a vacina antes, pois eu fiquei com medo de faltar", disse Jana.

Municípios com casos notificados de febre amarela

SILVESTRE

A diretora de imunização da Secretaria Estadual de Saúde, Helena Sato, afirmou que, por causa da alta demanda, o Ministério da Saúde enviou nesta quarta mais 400 mil doses da vacina.

Segundo o ministério, 88,3 mil doses já haviam sido enviadas em janeiro. Em períodos normais, a média mensal é de 200 mil doses, segundo Sato.

A diretora diz que 455 dos municípios do Estado têm a vacinação como rotina. Na capital, segundo ela, a imunização ocorre por causa dos deslocamentos de moradores para áreas de risco. No feriado de Carnaval, alerta a diretora, quem for viajar para regiões Norte, Centro-Oeste, parte do Sul e do Sudeste do país deve se imunizar.

Segundo ela, os casos registrados ao longo dos últimos 75 anos são da espécie silvestre. Nesses casos, a doença que acomete macacos é transmitida a humanos nas áreas rurais por meio do mosquito Haemagogus.

"Desde 1942 não há casos de febre amarela urbana", explica. Nesses casos, o hospedeiro é o Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue e da chikungunya.

O Ministério da Saúde informou que, só em 2016, foram enviadas 16 milhões de doses para todo o país, sendo 2,7 milhões para o Estado de São Paulo.

A prefeitura de SP diz que não há na cidade transmissão de febre amarela e, por isso, a vacina é indicada para situações em que a pessoa viaja para áreas de risco. Entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016, houve aumento de 13% na demanda, diz a nota.

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