Folha de S. Paulo


Mesmo com Exército nas ruas, Natal chega ao quarto dia sem ônibus

Mesmo com as tropas das Forças Armadas realizando um patrulhamento ostensivo nas ruas de Natal (RN), o que ocorre desde sexta-feira (19), a cidade chega ao seu quarto dia consecutivo sem transporte público. As empresas e os rodoviários suspenderam o serviço com medo de ataques de facções criminosas. Neste período, já são 26 ônibus e micro-ônibus incendiados no Rio Grande do Norte.

Desde o fim da tarde da última quarta-feira (18), quando os primeiros ataques a ônibus foram registrados, que os veículos não conseguem cumprir as rotas em sua totalidade. Na quinta-feira (19) os coletivos ainda chegaram a circular, mas todos foram recolhidos após os primeiros registros de incêndios. Na sexta-feira (20) e no sábado (21) não houve transporte público na capital potiguar, assim como ocorre hoje.

Neste domingo (22), além da falta de transporte, uma forte chuva cai sobre Natal desde as primeiras horas da manhã, colaborando ainda mais para o baixo tráfego de veículos na cidade. A alternativa para os natalenses tem sido utilizar táxis e veículos escolares, que foram autorizados a fazer lotação.

O Sintro-RN (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do RN) informa que também não está definido o retorno dos ônibus nesta segunda-feira (23). Tudo dependerá das garantias de segurança para a realização do trabalho.

Segundo o Sindicato, Natal possui uma frota de 630 veículos. Nesta época do ano, com a cidade lotada de turistas em razão das férias, a estimativa do órgão é que 380 mil pessoas utilizem o transporte público diariamente.

Além dos 26 ônibus e micro-ônibus, a Polícia Militar também registrou ataques a cinco viaturas do governo do estado e de Prefeituras, um caminhão, dois carros particulares, quatro delegacias e três prédios públicos. Não houve feridos em nenhum caso. Os atentados foram registrados em dez municípios.

Os ataques começaram no mesmo dia em que detentos foram transferidos de Alcaçuz, maior penitenciária do Rio Grande do Norte, onde uma rebelião deixou 26 mortos apenas no final de semana passado. A expectativa é que mais vítimas sejam confirmadas pelo governo nos próximos dias, já que o presídio registrou novos confrontos durante a semana entre presos das facções rivais PCC e Sindicato do RN.

Já o presídio de Alcaçuz, em Nísia Floresta (RN), registra mais um dia de aparente tranquilidade. Uma espécie de "muro" erguido com contêineres, que dividirá os presos das duas facções, já teve sua primeira fileira finalizada. Depois, um muro definitivo deverá ser construído. A Polícia Militar continua no local.


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