Folha de S. Paulo


Reação do governo na crise prisional é 'perfumaria', diz 'bancada da bala'

Deputados da Frente Parlamentar da Segurança Pública, a chamada "bancada da bala", classificaram como "perfumaria" a reação do governo à crise em penitenciárias no país.

Um grupo de parlamentares vai se reunir na tarde desta terça-feira (10) com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que exerce interinamente a Presidência da República. Nesta quarta (11), quando o presidente Michel Temer retornar da viagem a Portugal, os deputados dizem que terão audiência também com ele.

Sérgio Lima - 30.jun.2011/Folhapress
Alberto Fraga (DEM-DF), presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública
Alberto Fraga (DEM-DF), presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública

Eles querem apresentar a Maia e a Temer o resultado da CPI Comissão Parlamentar de Inquérito) do sistema carcerário, realizada na Câmara dos Deputados em 2015, e sugerir medidas como a criação de um Ministério da Segurança Pública. Entre uma série de sugestões, eles também defendem mudanças na gestão dos presídios e autonomia dos gestores de penitenciárias.

Alberto Fraga (DEM-DF), presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública, que reúne cerca de 300 deputados, faz críticas ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que nesta segunda-feira (9) disse que o sistema penitenciário brasileiro vive uma "crise crônica".

"As medidas anunciadas pelo ministro da Justiça não contemplam o que foi identificado pela CPI. Eles só falam da compra de equipamentos. Fez um monte de perfumaria, mas nenhuma medida que vai tocar o dedo na ferida", disse Fraga, defendendo alterações na Lei de Execução Penal.

"O ministro da Justiça, embora tenha sido secretário de Segurança Pública [do Estado] de São Paulo, não conhece os problemas gravíssimos que assolam todo o país", afirmou Fraga. "Ele ignora a participação, a informação de vários deputados federais oriundos da segurança pública e militam no dia a dia na área. Preferiu dar ouvidos a técnicos do Ministério da Justiça que não conhecem os problemas in loco", completou.

REAÇÃO DO GOVERNO

A proposta de criar um Ministério da Segurança Pública, contudo, não encontra apoio no Palácio do Planalto, que é contra o aumento de pastas na Esplanada dos Ministérios.

Nas palavras de um assessor presidencial, a iniciativa só estimulará críticas contra o presidente por causa do crescimento da máquina pública e "não será a criação de uma nova estrutura que resolverá o problema da segurança pública".

A ideia inicial do presidente era ter uma estrutura mais enxuta, mas ela foi abandonada à medida que dirigentes partidários apresentaram pleitos para ocupar cargos por apoio no Congresso Nacional. A avaliação interna é que uma nova estrutura causaria uma desgaste desnecessário e poderia criar uma crise com o Ministério da Justiça, que perderia atribuições na área.

Alan Marques/Folhapress
Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, apresenta detalhes do Plano Nacional de Segurança no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)
Ministro da Justiça Alexandre de Moraes apresenta detalhes do Plano Nacional de Segurança

MEDIDAS

Nesta segunda (9), o ministro da Justiça anunciou medidas para atender os Estados que pressionam o governo federal para conseguir conter o caos no sistema penitenciário.

Alexandre de Moraes disse ter atendido a pedidos do Amazonas, de Roraima e de mais cinco Estados: Acre, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins.

A ajuda envolve recursos, equipamentos, transferência de presos e envio de homens da Força Nacional de Segurança Pública. Segundo Moraes, desde o final do ano passado, o governo disponibilizou aos Estados R$ 2,2 bilhões para a área de segurança.


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