Folha de S. Paulo


Temer vai à casa de Cármen Lúcia, do STF, para discutir crise penitenciária

O presidente Michel Temer (PMDB) se reuniu na manhã deste sábado (7) com a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia, para tratar da crise penitenciária do país.

Nos seis primeiros dias do ano, 93 presos foram assassinados em penitenciárias do Amazonas, de Roraima e na Paraíba.

O encontro ocorreu na casa da ministra. Temer saiu do Palácio do Jaburu, onde mora, por volta das 10h, em um carro não oficial, um Fusion prata, e se dirigiu à residência da ministra do Supremo.

Segundo assessores de Temer e de Cármen Lúcia, eles conversaram por telefone nesta sexta-feira (6), depois das mortes na Penitenciaria Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, onde morreram 31 presos.

Na conversa, combinaram de se encontrar no final de semana para falar sobre a crise penitenciária no país. O compromisso não consta na agenda oficial de Temer e ocorre após uma semana na qual anunciaram medidas requentadas ou protocolos de intenção para a criação de grupos de trabalho.

O total de mortos neste ano representa já 25% do total de mortes registradas ao longo de todo ano de 2016 (372) e colocou tanto o Executivo (governo federal e estaduais) e o Judiciário sob pressão. O país tem hoje quase 650 mil presos, mas um deficit de vagas de quase 250 mil.

REPERCUSSÃO

Os dois episódios trouxeram desgastes políticos para Temer, que levou quatro dias para se posicionar sobre a matança nos presídios. O presidente tratou o caso como um "acidente pavoroso" e foi ainda mais criticado nas redes sociais.

Logo após a rebelião no presídio de Manaus, que aconteceu entre domingo (1) e segunda (2), Temer enviou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, à capital amazonense. A ministra Cármen Lúcia também esteve no local, onde se reuniu com desembargadores, juízes e até o Tribunal de Contas do Estado para avaliar a situação.

A presidente do STF pediu um levantamento dos crimes cometidos pelos 10 mil detentos que hoje ocupam os 11 presídios do Amazonas. A capacidade é para 3 mil, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária.

Para tentar reverter a crise, Temer antecipou o Plano Nacional de Segurança e anunciou nesta sexta (6) medidas como a criação de centrais de inteligência das polícias nos Estados e a construção de presídios federais.

Com a rebelião em Roraima, o governo ficou novamente em uma situação delicada com o pedido de ajuda da governadora de Roraima. Suely Campos (PP) solicitou reforço da Força Nacional para resolver a situação no presídio de Boa Vista, mas o ministro Alexandre de Moraes (Justiça) negou a ajuda porque a Força Nacional não pode atuar em presídios.

Na sequência, o secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio, declarou ao jornal "O Globo" que mais presos deveriam ter sido mortos e que deveria haver uma chacina por semana. Filiado ao PMDB, Júlio entregou sua carta de demissão e foi exonerado nesta sexta (7).


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