Folha de S. Paulo


Ministro anuncia novos presídios e culpa empresa por massacre no AM

Alan Marques/Folhapress
Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, após reunião sobre o sistema penitenciário com o presidente Michel Temer
Ministro Alexandre de Moraes após reunião sobre o sistema prisional com o presidente Michel Temer

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou nesta quinta-feira (5) a construção de cinco novos presídios federais de segurança máxima e responsabilizou a empresa que administra o Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) pelo massacre que deixou 56 mortos no Amazonas.

Em entrevista à imprensa, o ministro afirmou que o governo federal destinará R$ 430 milhões para as obras das novas unidades carcerárias e o aprimoramento do sistema de segurança de presídios estaduais.

Massacre em Manaus
Fachada da penitenciária Anísio Jobim, em Manaus

Segundo ele, do total, R$ 150 milhões serão destinados à transferência de tecnologia de bloqueadores de celulares e R$ 80 milhões para a compra de scanners corporais.

O ministro disse que a licitação para a construção das unidades prisionais será feita imediatamente, mas não deu prazo para a entrega das novas carceragens federais.

"O objetivo é ampliar em 30 mil vagas o sistema penitenciário e solicitamos a contrapartida as unidades da federação que sigam a determinação constitucional de separação física dos presos seguindo critérios de idade, sexo e gravidade da pena", disse.

No episódio de Manaus, o ministro disse que os fatores relacionados ao massacre ainda estão sendo investigados, mas ressaltou que a responsabilidade "imediata" e "visível" pelas mortes é da empresa Umanizzare, que administra o presídio em Manaus.

Marlene Bergamo/Folhapress
Peritos protestam no TJ do Amazonas pela falta de condições para identificar corpos dos presos mortos no massacre
Peritos protestam no TJ pela falta de condições para identificar corpos dos presos mortos no massacre

"A responsabilidade vai ser analisada pela força-tarefa que realiza a investigação, mas o presídio é terceirizado. De cara, basta verificar que houve falha da empresa. Não é possível que entre armas brancas e de fogo na unidade prisional", disse. "Quem tem a responsabilidade imediata e quem tinha de verificar a entrada das armas é a empresa que fazia a segurança", acrescentou.

O ministro não quis comentar a demora de três dias do presidente Michel Temer em se pronunciar sobre o massacre e o uso pelo peemedebista da palavra "acidente" para o ocorrido na unidade prisional. "Não cabe a um ministro comentar uma declaração do presidente", tergiversou.

Mais cedo, na abertura de reunião ministerial para discutir o tema, o presidente também fez questão de eximir a culpa do governo federal e lembrou que a administração da unidade prisional era terceirizada.

PLANO NACIONAL

Na entrevista à imprensa, o ministro antecipou de maneira genérica os principais pontos do plano nacional de segurança, que deve ser lançado oficialmente nas próximas semanas.

Ele citou, por exemplo, o aumento do tempo de cumprimento de pena em regime fechado de condenados por corrupção ativa e passiva e por crimes praticados com violência ou que representem grave ameaça.

A intenção foi antecipada pela Folha em outubro e inclui a alteração da Lei de Execução Penais para endurecer a progressão da pena.

Hoje, para haver a mudança de regime prisional, é necessário que o preso cumpra pelo menos 1/6 do tempo de condenação. A ideia é elevar esse período mínimo para a metade da pena.


Endereço da página:

Links no texto: