Folha de S. Paulo


Papa Francisco lamenta massacre no AM e pede condições dignas a detentos

O Papa Francisco lamentou nesta quarta-feira (4) o massacre que deixou 56 detentos mortos no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus, no último domingo (1º). Ele também pediu que "as condições de vida dos detentos sejam dignas de pessoas humanas".

"Expresso dor e preocupação com o que aconteceu. Convido a rezar pelos mortos, por seus familiares, por todos os detentos nessa prisão e pelos que trabalham nela (...) E renovo meu apelo para que os institutos penitenciários sejam lugares de reeducação e reinserção social", disse o Papa na audiência geral desta quarta no Vaticano.

Massacre em Manaus
Fachada da penitenciária Anísio Jobim, em Manaus

Além dos 56 mortos na rebelião que durou em torno de 17 horas, outros quatro presos foram mortos na UPP (Unidade Prisional de Puraquequara) e 184 fugiram do Compaj e do Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade), sendo que 58 tinha sido recapturados até a noite de terça (3).

A Human Rights Watch também se manifestou sobre as mortes afirmando que o governo brasileiro precisa tirar das mãos das facções criminosas o controle das prisões. O massacre é apontado como resultado de uma disputa entre a FDN (Famílias do Norte) e o PCC (Primeiro Comando da Capital).

"Nas últimas décadas autoridades brasileiras gradativamente abdicaram de sua responsabilidade de manter a ordem e a segurança nos presídios", disse em nota Maria Laura Canineu, diretora do escritório Brasil da ONG.

"O Brasil deveria combater a superpopulação carcerária agilizando o processo judicial de toda pessoa presa. Juízes deveriam fazer maior uso de alternativas à prisão, tanto durante o processo judicial como no âmbito da sentença final, segundo estabelece a legislação brasileira", afirma a Human Rights Watch.

Como a Folha mostrou nesta quarta, o governo federal reduziu em dois anos 85% dos repasses aos Estados para a construção de novas penitenciárias e diminuiu também os recursos para reestruturar e modernizar as já existentes, apesar de o sistema penitenciário acumular um deficit de 250 mil vagas, pelo último balanço federal.


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