Assassinada na chacina que deixou 12 mortos na noite de Réveillon em Campinas, Isamara Filier, 41, registrou cinco boletins de ocorrência contra Sidnei Ramos de Araújo, 46, autor dos crimes e seu ex-marido, desde 2005, de acordo com a Polícia Civil.
Apesar dos registros, ela não quis representar criminalmente (autorizar o início do processo penal).
Dois boletins são de ameaça e injúria (em 2005 e 2012), um de vias de fato (quando há agressão sem lesão corporal, como empurrões, em 2013) e outro de violência doméstica e ameaça, em 2015, quando recusou que fossem aplicadas medidas restritivas. Além desses, há outro boletim, não criminal, por aproximação do pai em dia não marcado para visita, em 2014.
Sidnei invadiu uma festa de Ano-Novo e assassinou a ex-mulher, Isamara, o filho, João Victor, 8, e outras dez pessoas que estavam no local, e se matou em seguida.
A Polícia busca ainda o proprietário da arma usada no crime, uma pistola 9 mm. A arma está em perícia no IC (Instituto de Criminalística) para identificar a numeração, que foi fortemente raspada. Com o código, será possível chegar ao dono. A principal suspeita é de que pertença a um ex-policial.
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Numa suposta carta deixada, o autor da chacina, Sidnei Ramos de Araújo, 46, disse ter raspado a numeração da pistola para não identificar o proprietário, que precisava de dinheiro. A arma é de uso restrito das forças policiais.
Também foi apreendido pela polícia um gravador. No boletim de ocorrência, os policiais afirmaram que o atirador deixou uma mensagem, se desculpando sobre algo que iria acontecer, sem citar os homicídios.
Na mesma gravação, ele criticou por diversas vezes a ex-mulher, Isamara Filier, 41, com quem travava uma disputa na Justiça pela guarda do filho, João Victor Filier de Araújo, 8. Ambos foram mortos na tragédia.
Um inquérito civil foi instaurado pela polícia para investigar os motivos para o crime. Não está descartada uma busca e apreensão no apartamento de um condomínio onde o autor da chacina morava sozinho.
Nas redes sociais, diversas mulheres têm denunciado o feminicídio. Também numa rede social, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que Isamara foi mais uma vítima do machismo e defendeu políticas de defesa das mulheres.