Folha de S. Paulo


Governo do Amazonas transfere 130 presos após massacre em presídio

Marcio Silva/A Critica/Folhapress
Presos são transferidos após rebelião que deixou ao menos 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, nesta segunda
Presos são transferidos após rebelião que deixou ao menos 56 mortos no maior presídio do Amazonas

O governo do Amazonas transferiu na tarde desta segunda (2) cerca de 130 presos para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus, após a rebelião que deixou 56 mortos no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) desde domingo (1º).

Além de presos vindos do Compaj, a cadeia recebeu também detentos do CDPM (Centro de Detenção Provisória Masculino), do Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade) e da UPP (Unidade Prisional de Puraquequara), que também registraram motinas –quatro pessoas morreram na UPP.

A Cadeia Pública estava desativada desde outubro de 2016.

O governo federal tem acompanhado a situação no maior presídio do Amazonas e deve transferir presos ligados a facções também para outras unidades prisionais no país.

Em conversas com o Palácio do Planalto, o governo amazonense indicou que pretende fazer um pedido transferência para evitar nova rebelião, mas avaliou que não há necessidade de um reforço de agentes da Força Nacional para controlar a situação no local.

Reprodução/Google Maps
Fachada da penitenciária Anísio Jobim, em Manaus
Fachada da penitenciária Anísio Jobim, em Manaus

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, foi a Manaus para discutir os procedimentos com o governador José Melo de Oliveira. Até o momento, o presidente Michel Temer não se pronunciou sobre as mortes.

Massacre em Manaus
Fachada da penitenciária Anísio Jobim, em Manaus

Ao todo, a rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) durou mais de 17 horas e registrou 56 presos mortos. Entre as vítimas, segundo as primeiras informações, há decapitados.

A rebelião foi motivada por uma briga entre as facções Família do Norte e PCC, segundo Marluce da Costa Souza, coordenadora da Pastoral Carcerária do Estado. De acordo com as investigações, a rebelião foi comandada pela Família do Norte.

O receio do governo federal é que o PCC possa realizar novas rebeliões em presídios pelo país em retaliação á Família do Norte.

Em dezembro, o Poder Judiciário atendeu a pedido da Polícia Civil e determinou a transferência de 14 lideranças do PCC para regime rígido de prisão.

Em outra unidade prisional em Manaus, pelo menos 72 detentos fugiram do Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade), também na tarde deste domingo –inicialmente, o governo anunciou que 87 presos haviam fugido. Outros 112 fugiram no Compaj. Até as 17h, 40 foram recapturados.

Segundo Sérgio Fontes, secretário de segurança pública da capital, esta pode ter sido a maior fuga da história do Amazonas.


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