O viaduto do Chá já foi o coração do PIB paulistano, ladeado pelas duas gigantes da economia local nos anos 1930: as sedes da Light e das Indústrias Reunidas Matarazzo –esta última abriga, hoje, a Prefeitura de São Paulo.
Os traços monumentais continuam lá, mas o novo local de trabalho de João Doria (PSDB) é cercado por belas construções vazias ou subutilizadas. A lista é longa: o antigo Mappin, o hotel Esplanada, o Cine Marrocos, o hotel Othon, o edifício Sampaio Moreira, a Galeria Prestes Maia.
Do seu gabinete no quinto andar, Doria terá uma boa vista para o Anhangabaú, mais belo de longe que na altura do pedestre. Em vez de levar mais moradores, sucessivos prefeitos só conseguiram instalar novas repartições na área.
Chamada a nova vizinhança de Doria
Marta Suplicy (PMDB, então no PT) estreou a nova prefeitura no Matarazzo em 2004, depois de reforma feita por Isay Weinfeld, no aniversário dos 450 anos da cidade –a promessa era "revitalizar" a área. A praça do Patriarca seria transformada por Paulo Mendes da Rocha, que desenhou uma marquise metálica como acesso monumental à Galeria Prestes Maia, no subsolo do viaduto. O espaço jamais ganhou uso. Sobrou o supérfluo pórtico.
O sucessor de Marta, José Serra (PSDB), começou o mandato com um evento chamado "Esporte no Centro" para agitar o Anhangabaú aos domingos. A primeira e única edição não juntou 50 pessoas, quase todos assessores do prefeito. Atrair novas empresas para a área ficou na promessa.
Gilberto Kassab (PSD) construiu a Praça das Artes, complexo de escolas dos corpos estáveis do Theatro Municipal. Ela também "revitalizaria" a região. Quatro anos após a inauguração, a parte do complexo que seria aberta para o Anhangabaú continua fechada por tapumes. Edifícios ao redor foram invadidos.
Fernando Haddad (PT) não terminou a Praça das Artes nem começou a obra prometida de "requalificação" do vale (os projetos se arrastam tanto que os termos vão mudando). O Hotel Othon, em obras, será a nova sede da Secretaria Municipal de Finanças.