Folha de S. Paulo


Luiz Trozzi (1932-2016)

Mortes: Gijo fazia as melhores linguiças do mundo

Reprodução/TV Gazeta
Luiz Trozzi (1932-2016)
Luiz Trozzi (1932-2016)

Nos últimos 67 anos, quem passou pelo número 16 da rua Dr. Pinto Ferraz, na Vila Mariana, em São Paulo, provavelmente se deparou com o slogan "Gijo: as melhores linguiças do mundo".

A imodéstia não era só marketing. Como tantos filhos de imigrantes italianos, Luiz Trozzi nasceu e cresceu no Bixiga, mas foi criado mesmo "dentro de um caixotinho de madeira, atrás do balcão" do açougue do pai, Domingos, como conta a filha Giselle.

A vivência na loja o fez "respirar carne" desde pequeno. Em 1949, o pai abriu o estabelecimento na Vila Mariana e ensinou Gijo (apelido italiano para Luigi) a fazer linguiça.

Quando adoeceu, Domingos virou-se para Gijo e disse: "Vou te dar isso aqui. Se você fechar, não entra mais em casa". O rapaz dedicou-se e aperfeiçoou o ofício, produzindo mais de 20 tipos de linguiças artesanais que conquistaram fama internacional.

Começava o dia às 4h. Orava, caminhava no parque do Ibirapuera e tomava café para abrir a loja antes das 6h30. Tinha uma postura exigente: da qualidade das linguiças às receitas dos antepastos e a higiene do estabelecimento, tudo tinha que estar impecável.

Às 16h, ia para casa tomar banho, colocava suas melhores roupas e voltava para ficar na loja das 18h até fechar, às 20h, já tomando suas doses de uísque. Pegava seu Landau 1980 e ia para as melhores churrascarias e cantinas –em que roubava a cena cantando canções italianas.

Morreu no dia 11, vítima de pneumonia. Deixa as filhas Giselle e Gina, que agora cuidam do negócio, o irmão Francisco Roberto, três netos e dois bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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