Marcelo passou semanas se preparando para a primeira viagem longa que faria de bicicleta. Fez e refez o roteiro dos quase 900 km do Rio a Curitiba, aonde iria para participar das FixOlimpíadas, evento anual que reúne adeptos das bicicletas fixas (cujos pedais giram junto com as rodas) de todo o país.
Malf, como era chamado, pedalava desde criança, mas adotou a bicicleta como estilo de vida e se tornou "fixeiro" há mais ou menos quatro anos, conta a irmã Natália. Nem transporte público usava: fazia todos os deslocamentos sobre as duas rodas.
Trabalhava como recepcionista em um hostel havia quase três anos. Os amigos se lembram dele como o rei das gambiarras: consertava tudo, de bicicleta a eletrônicos. "Não sei fazer isso, mas a gente dá um jeito", costumava dizer.
Após dias de estrada, chegou ileso a Curitiba. Quis ir além e pedalou até Santa Catarina. Na volta ao Paraná, entre Balneário Camboriú e Joinville, adotou uma cachorrinha que conheceu na estrada. Chamou-a de Meia, por ser toda preta e ter as patas brancas. Estudante de biologia, preocupava-se bastante com os animais, lembra a irmã.
Na madrugada de 13 de novembro, após o segundo dia de FixOlimpíadas, pedalava de volta para a casa em que estava hospedado quando foi atropelado por um carro e morreu, em plena área calma de Curitiba –onde o limite de velocidade é de 40 km/h. Aos 25 anos, deixou os pais, 3 irmãos e inúmeros amigos.
Uma missa para marcar um mês de morte acontecerá nesta terça-feira (12), às 18h, na Paróquia São Paulo Apóstolo, em Copacabana, no Rio.
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