Folha de S. Paulo


Fiocruz receberá R$ 23 milhões para combater surto de doenças do aedes

Reprodução/Plos One
O mosquito _Aedes aegypti_, causador de doenças como dengue, zika e chikungunya
O mosquito Aedes aegypti, causador de doenças como dengue, zika e chikungunya

O governo federal autorizou o BNDES a liberar R$ 23 milhões para dar apoio financeiro ao plano de enfrentamento da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que prevê o combate ao risco de novos surtos e epidemias de dengue, zika e chikumgunya.

Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que ao menos 855 municípios do país estão em situação de alerta ou risco de novos surtos e epidemias das doenças do aedes. O panorama faz parte de uma nova edição do LirAa (Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti), divulgado nesta quinta-feira (24). O levantamento foi feito entre outubro e novembro deste ano. A adesão dos municípios é voluntária.

Os recursos do BNDES, não reembolsável, serão destinados ao desenvolvimento de kits de diagnóstico e ações de combate ao vetor de transmissão do vírus, o Aedes aegypti. A verba faz parte de uma linha do BNDES, o Funtec, que é uma forma de apoio financeiro a projetos de pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e inovação.

O projeto prevê o desenvolvimento de três testes de diagnóstico cujas características diferem dos testes já disponíveis no mercado. Dentre os três produtos haverá duas categorias de testes, que são complementares e utilizados em fases distintas da doença.

O teste molecular, mais moderno, destaca-se por sua sensibilidade e especificidade, devendo identificar os vírus da zika, da dengue e da chikungunya com maior segurança. Já os testes sorológicos, por se basearem na reação do organismo à presença do vírus, podem ser utilizados muito tempo após a transmissão do vírus pelo mosquito. Por isso são importantes para pacientes assintomáticos, possibilitando aferir se já foram infectados anteriormente.

O projeto busca ainda duas formas de combate ao vetor. A primeira delas busca validar o uso da bactéria Wolbachia no Aedes aegypti para interromper o ciclo de transmissão, não só da dengue, mas também da zika e da chikungunya. A metodologia foi desenvolvida na Austrália e as etapas a realizar no Brasil visam avaliar sua eficácia em áreas mais extensas e de maior densidade demográfica.

Em paralelo, será apoiada a avaliação do uso do próprio mosquito como veiculador de larvicida para tentar solucionar o problema de acesso àqueles criadouros de insetos não tratáveis pelos meios de controle tradicionais, seja por dificuldade de acesso ou mesmo por impossibilidade de identificação.

Em 2016, até meados de setembro, foram registrados 200.465 casos prováveis de febre pelo vírus da zika no país, tendo sido confirmados 109.596 casos. O seu efeito pode causar microcefalia nos bebês de grávidas infectadas, com danos permanentes às crianças. Nestes casos, toda a família é afetada, constituindo-se uma gravíssima questão de saúde pública.

Aedes aegypti e doenças


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