Folha de S. Paulo


Caipira, secretário de Doria consertou fogão e criou negócio de R$ 400 mi

Escolhido para comandar as privatizações e concessões da gestão João Doria (PSDB), Wilson Poit, 58, avalia ser um grande elogio ser chamado de caipira.

Filho agricultores de café, o engenheiro que será o futuro secretário de Desestatização e Parcerias da cidade de São Paulo viveu até os 11 anos em um sítio na zona rural de Osvaldo Cruz, no interior paulista.

Na casa de tábua não havia energia elétrica. Poit viveu nos 1960 sem televisão e geladeira e andava 4 km até a escola mais próxima.

Eduardo Anizelli/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 22-11-2016, 10h30: Pingue-pong com o secretario de privatizacoes do Doria, o Wilson Poit. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, COTIDIANO) ***EXCLUSIVO***
O futuro secretário de privatizações, Wilson Poit

Em 2017, está encarregado pela gestão Doria de vender ou conceder à iniciativa privada áreas tradicionais da capital como autódromo de Interlagos, estádio do Pacaembu, complexo do Anhembi e parque Ibirapuera.

Quando Poit estava no fim da infância, os pais resolveram sair do sítio e foram cuidar de um comércio na cidade próxima de Rinópolis, onde a mãe mora até hoje.

Segundo Poit, foi durante a adolescência, entre os 10 mil habitantes do pacato lugar, que a veia empreendedora dele começou. "Trabalhei como sorveteiro, entregador de botijão de gás e consertador de fogões."

Com quase 18 anos, mudou-se para a capital paulista. O objetivo era fazer cursinho. Poit entrou em engenharia na FEI e, aos finais de semana, fazia a correção de provas em um curso pré-vestibular.

"Mas continuei a consertar fogões com a minha caixa de ferramenta", relembra.

Conseguiu um estágio e começou a trabalhar na extinta Refinações de Milho Brasil. Aos 26 anos, pediu demissão e abriu um negócio.

"Tive cinco negócios. Nunca quebrei feio, mas sempre andava de lado, quando, aos 40 anos, tive a melhor ideia da minha vida".

Ele era engenheiro de som e precisou alugar um gerador de energia elétrica para ficar atrás do palco. O equipamento que chegou estava sujo e fazia muito barulho. Nascia ali a Poit Energia.

A empresa se tornaria a maior do setor na América Latina em pouco mais de dez anos. O foco principal era fornecer infraestrutura elétrica temporária e mão de obra qualificada aos clientes.

Principalmente por causa das empresas de telecomunicações –e cada antena de celular nova precisava de um gerador–, além do bug do milênio (na virada do século havia um temor de que todos os computadores parariam) e do apagão de 2001, a empresa decolou.

Poit ganhou um prêmio de empreendedor Endeavor, uma ONG voltada para a inovação. "Aprendi com eles a sonhar grande. A ter organização, foco, fazer direito, sem atalhos e preparar sucessores. Além de mirar os resultados em equipe e não apenas de forma individual."

Em 2012, os sócios da Poit Energia a venderam para o líder mundial do setor por cerca de R$ 400 milhões.

A promessa de ficar mais com a família e de ser apenas um consultor de empresas e palestrante durou um ano. Point entrou na área de negócios na gestão Fernando Haddad (PT). Agora, diz querer aplicar sua experiência privada na gestão Doria, que conhece há 10 anos. "O prefeito tem uma bateria muito boa", diz Poit.

Nem petista nem tucano, o futuro secretário é filiado ao Partido Novo. "Não é de esquerda nem de direita. Nosso partido tem bandeiras dos dois lados. Dá para atacar a desigualdade social com um Estado menor."

Secretários de Doria


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