Folha de S. Paulo


Antônio Cechin (1927-2016)

Mortes: Uma vida de dedicação aos desamparados

Arquivo pessoal
Antônio Cechin (1927-2016)
Antônio Cechin (1927-2016)

Durante a ditadura, Antônio Cechin foi preso por colaborar com Frei Betto para ajudar os perseguidos pela polícia a fugirem para o Uruguai.

O amor ao próximo se manifestou cedo. Nascido em Caçapava do Sul, no interior gaúcho, o menino cresceu em Santa Maria, onde os pais foram caseiros dos Irmãos Maristas, entidade católica voltada para a educação.

A convivência despertou o seu interesse, e ainda menino ingressou como candidato na instituição. Concluiu a formação em Porto Alegre, onde dedicou-se a temas humanistas, e passou a lecionar para crianças pobres.

Foi à França, de onde trouxe novos métodos para o ensino da catequese e aliou-os ao método Paulo Freire de ensino, com as palavras geradoras.

Quando deixou a prisão, continuou com as suas "fichas catequéticas", espécie de cartilha para suas aulas, que passaram a ser adotadas em outras escolas. O então ministro da Educação, Jarbas Passarinho, considerou aquele material como subversivo, e Antônio seria preso de novo.

Desta vez, foi torturado. Ao sair, com dificuldades para lecionar, dedicou-se às periferias e aos movimentos sociais. "Era um criador de lideranças", diz o amigo Luiz Carlos Susin. Na parte final da vida, desenvolveu a reciclagem com catadores de lixo.

Morreu no dia 16, por falência de múltiplos órgãos em decorrência de uma infecção generalizada após fraturar a bacia. Deixa irmãos e sobrinhos. No sábado (26), haverá uma missa na capela Nossa Senhora da Aparecida das Águas, junto ao galpão de reciclagem na Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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