Após a morte de sete jovens no final de semana na Cidade de Deus, região da zona oeste do Rio alvo de operação policial, uma nova ofensiva da PM fluminense terminou nesta segunda (21) com dois suspeitos mortos e dois baleados –desta vez no complexo da Maré, na zona norte.
A ação foi um desdobramento da operação de sábado (19) na Cidade de Deus, quando um helicóptero que perseguia criminosos caiu e deixou quatro PMs mortos.
Alvo de troca de tiros entre traficantes e policiais desde quinta (17), a região é controlada pelo Comando Vermelho, facção que também domina parte das favelas da Maré.
A polícia diz não ser possível afirmar se a queda do helicóptero com os policiais ocorreu após ele sofrer alguma pane ou ser abatido.
O secretário de Segurança, Roberto Sá, disse que perícia inicial na aeronave não identificou marcas de tiros. Os corpos dos agentes mortos também não apresentavam perfurações de armas de fogo.
Após a queda, porém, a polícia decidiu ocupar a Cidade de Deus por tempo indeterminado –e, horas depois, moradores encontraram os corpos de sete jovens em uma mata.
| Pablo Jacob/Agência O Globo | ||
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| Lixo espalhado na Cidade de Deus, no Rio, após operação da Polícia Militar |
Familiares dos mortos dizem que eles foram "executados". O Estado diz que "nenhum excesso será tolerado". Segundo a polícia, os sete tinham antecedentes criminais (seis haviam sido presos ou apreendidos por roubo ou tráfico e um, por lesão corporal).
O delegado da Divisão de Homicídios, Fábio Cardoso, disse que os mortos tinham marcas de tiros em várias partes do corpo, como pescoço, costas e peito. Ele afirmou que a polícia investiga duas possibilidades para a morte dos sete: confronto durante a operação da PM ou conflito entre traficantes e milicianos de comunidade vizinha.
AULAS
Os dois mortos na nova ofensiva policial nesta segunda, na favela Nova Holanda, integrante da Maré, carregavam drogas, uma pistola e uma submetralhadora, segundo a versão policial. Já os dois feridos mantinham pistolas e um rádio transmissor e estariam na favela Parque União, do mesmo complexo.
A ação da PM deixou 7.194 alunos sem aulas –com escolas e creches fechadas.
Na Cidade de Deus, um traficante identificado como Lelei foi preso, e a Justiça decretou a prisão de outros nove.
O complexo da Maré não tem UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). A Cidade de Deus tem uma UPP desde 2009, mas, como vem ocorrendo em outras áreas antes consideradas pacificadas, vem registrando um aumento de confrontos armados.
A ação policial na Cidade de Deus foi atacada por parentes dos mortos e pela Anistia Internacional, para quem "as autoridades do Rio devem repensar urgentemente a política de segurança pública" e "adotar medidas urgentes para garantir que as operações policiais respeitem os direitos humanos".
"Meu esposo morreu com dois tiros na nuca à queima roupa. Arrancaram até a perna. Ainda levaram aliança, cordão", disse Simone, mulher de Rogério Ribeiro de Carvalho, 34, um dos mortos na Cidade de Deus.
| José Lucena/Futura Press/Folhapress | ||
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| PM ocupa Cidade de Deus, no Rio, neste domingo; operação ocorre após queda de helicóptero na região |