Folha de S. Paulo


Mais fraca em áreas de epidemia, zika pode atingir novas regiões do país

Picture-Alliance/DPA/O.Riveira
Europa pode ter surto de zika nos próximos meses, alerta OMSOrganização Mundial da Saúde afirma que chance de vírus se espalhar por países europeus é de baixa a moderada durante o fim da primavera e o verão. Ilha da Madeira e costa nordeste do Mar Negro, porém, têm alto risco.
O mosquito transmissor da zika, Aedes aegypt

Apesar de apontarem a chikungunya primeiro plano de alerta, especialistas e autoridades da saúde não descartam a ameaça de novo avanço de outras doenças transmitidas pelo Aedes, em especial a zika.

A avaliação é que, diante da chegada do verão, quando aumenta a infestação do mosquito, o risco em relação à doença que levou o país a decretar emergência há um ano por causar microcefalia deve variar conforme a região do país.

Segundo o infectologista Rivaldo Venâncio, nas regiões onde já houve maior número de casos de zika, a tendência é que haja redução. Nas demais, o maior número de pessoas suscetíveis ao vírus pode colaborar para o avanço da doença.

Neste ano, Rio de Janeiro, Bahia e Mato Grosso lideraram os registros de casos prováveis de zika informados ao governo federal –seguida essa análise, poderiam ter uma trégua. Já o restante estaria mais vulnerável.

Há ponderações. "A epidemia não acontece simultaneamente atingindo um Estado de forma uniforme", reforça Carlos Brito, da Universidade Federal de Pernambuco. Ele lembra que há variação também entre municípios, a depender do controle do vetor, o Aedes aegypti.

Outro problema é a possível subnotificação dos casos em alguns locais –o que dificulta a interpretação sobre uma eventual diminuição no avanço do zika desde o último ano.

"Baseada na experiência e conhecimento de outros arboviroses, sabemos que esse vírus continua circulando no país, mas não podemos precisar se houve redução", diz Wanderson Oliveira, coordenador da área de vigilância e resposta a emergências do Ministério da Saúde.

O fato do zika ser uma doença recente, com pouco conhecimento, também traz impactos na análise. "Esperamos que as pessoas que foram infectadas pelo vírus já estejam imunizadas, o que muda a expressão da doença na sociedade. Mas precisamos acompanhar mais alguns anos para ter um padrão epidemiológico."

Para Carlos Brito, é alto o risco de avanço da chikungunya e zika em Estados como São Paulo, local em que boa parte da população ainda não tem imunidade contra o vírus.

"Lá provavelmente a epidemia não será por dengue, e a população ainda está altamente suscetível a epidemia por zika e chikungunya."

DENGUE

Segundo os especialistas, se considerada essa mesma análise, a dengue deve ter expectativa inicial de menor número de casos no próximo ano.

Isso porque a doença, que em 2015 teve recorde no país, tem ainda se mantido com o mesmo tipo de vírus predominante em circulação –o tipo 1.

"Se considerarmos que não temos até esse momento vírus novo de dengue e que não tivemos redução importante de infestação de Aedes, temos chance sim de que a próxima epidemia do verão seja de chikungunya", diz Luciano Pamplona, professor da Universidade Federal do Ceará.

Para ele, a situação exige alerta dos profissionais de saúde, especialmente diante do risco de complicações e para que seja possível diferenciar com maior exatidão os casos de dengue, zika e chikungunya, que têm alguns sintomas semelhantes.

"Precisamos que o médico olhe o paciente e não diga apenas que aquilo é uma suspeita de virose. É preciso entender que pode ser uma das três e investigar", afirma.

Aedes aegypti e doenças


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